Rute.
Os filhos de Israel
deviam ocupar todo o território que Deus lhes indicara. Aquelas nações que
haviam rejeitado a adoração e serviço ao verdadeiro Deus, deviam ser
despojadas. Mas era propósito de Deus que pela revelação de Seu caráter através
de Israel, fossem os homens atraídos para Si. O convite do evangelho devia ser
dado a todo o mundo. Mediante o ensino do sistema de sacrifícios, Cristo devia
ser erguido perante as nações, e todos que olhassem para Ele viveriam. Todo
aquele que, como Raabe, a cananita, e Rute, a moabita, tornassem da idolatria
para o culto ao verdadeiro Deus, deviam unir-se ao Seu povo escolhido. À medida
em que o número dos israelitas crescesse, deviam eles ampliar suas fronteiras,
até que o seu reino envolvesse o mundo. P.Reis, 15
Casamentos Mistos
Se tu, meu irmão, és tentado a unir o interesse de toda a
tua vida a uma menina jovem e inexperiente, a quem falta mesmo a educação nos
deveres práticos e comuns da vida, cometes um erro; mas tal falta é pequena em
comparação com sua ignorância acerca de seu dever para com Deus. Ela não tem
ficado sem luz; tem tido privilégios religiosos e, contudo, não sentiu sua
miserável pecaminosidade sem Cristo. ... Se, em teu envaidecimento, és capaz de
eximir repetidamente ao culto de oração onde Deus Se encontra com Seu povo, a
fim de desfrutares a companhia de uma pessoa que não tem o amor de Deus, e não
vê nenhum atrativo na vida religiosa, como podes esperar que o Senhor faça
prosperar tal união? Mensagens aos Jovens, págs. 437 e 438.
Casamento de Crentes com Descrentes
Há no mundo cristão uma assombrosa, alarmante indiferença
aos ensinamentos da Palavra de Deus a respeito do casamento de cristãos com
descrentes. Muitos que professam amar e temer a Deus, preferem seguir a
inclinação de seu próprio pensamento, em vez de tomar conselho da Infinita
Sabedoria. Em assunto que concerne vitalmente à felicidade e bem-estar de ambas
as partes, para este mundo e o próximo, são postos de lado a razão, o
discernimento e o temor de Deus, e permite-se que o cego impulso, a obstinada
determinação tomem o controle.
Homens e mulheres em outros aspectos sensatos e
conscienciosos, fecham os ouvidos a conselhos; são surdos aos apelos e rogos de
amigos e parentes e dos servos de Deus. A expressão de cautela ou advertência é
considerada impertinente intrometimento, e o amigo que é bastante fiel para
proferir uma advertência é tratado como inimigo. Tudo isto é tal qual Satanás o
quer. Ele tece seu encanto em volta da alma, e esta se torna enfeitiçada,
apaixonada. A razão deixa cair as rédeas do domínio próprio sobre o colo da
concupiscência; domina a paixão profana até que, demasiado tarde, a vítima
desperta para uma vida de miséria e escravidão. Não é este um quadro pintado
pela imaginação, mas apresentação de fatos. Não é dada a aprovação de Deus a
uniões que Ele proibiu expressamente.
Testemunhos Seletos, vol. 2, pág. 123.
Definição de um Descrente
Mesmo que o companheiro de tua escolha fosse em todos os
outros aspectos digno (o que não se dá), no entanto ele não aceitou a verdade
para este tempo; é descrente; e és proibida pelo Céu de unir-te a ele. Não
podes, sem perigo para tua alma, desrespeitar esta ordem divina. Testemunhos
Seletos, vol. 2, pág. 121.
O Casamento de Isaque
Abraão se tornara velho, e esperava logo morrer; todavia,
restava-lhe cumprir um ato, assegurando o cumprimento da promessa à sua
posteridade. Isaque era o que fora divinamente designado para suceder-lhe como
guarda da lei de Deus, e ser pai do povo escolhido; ele, porém, ainda era solteiro.
Os habitantes de Canaã eram dados à idolatria, e Deus havia proibido casamentos
entre o Seu povo e aqueles, sabendo que tais casamentos conduziriam à
apostasia. O patriarca receou o efeito das influências corruptoras que rodeavam
seu filho. A fé habitual de Abraão em Deus, e sua submissão à vontade dEle,
refletiam-se no caráter de Isaque; mas as afeições do jovem eram fortes, e ele
era de uma disposição gentil e dócil. Unindo-se a alguém que não temesse a
Deus, ele estaria em perigo de sacrificar os princípios por amor à harmonia. No
espírito de Abraão, a escolha de uma esposa para seu filho era assunto de muita
importância; estava desejoso de que ele se casasse com uma que não o afastasse
de Deus.
Nos tempos antigos, os contratos de casamento eram geralmente
feitos pelos pais; e este era o costume entre os que adoravam a Deus. De
ninguém se exigia casar com aquele a quem não podia amar; mas na concessão de
suas afeições o jovem era guiado pelo discernimento de seus pais experientes e
tementes a Deus. Era considerado uma desonra para os pais, e mesmo crime,
seguir caminho contrário a este.
Isaque, confiando na sabedoria e afeição de seu pai, estava
satisfeito com a entrega desta questão a ele, crendo também que o próprio Deus
dirigiria na escolha a fazer-se. Os pensamentos do patriarca volveram para os
parentes de seu pai, na terra de Mesopotâmia. Posto que não estivessem livres
de idolatria, acalentavam o conhecimento e o culto do verdadeiro Deus. Isaque
não devia sair de Canaã para ir a eles; mas poderia ser que se encontrasse
entre eles alguma mulher que quisesse deixar seu lar, e unir-se a ele para
manter em sua pureza o culto ao Deus vivo. Abraão confiou este importante
assunto "ao seu servo, o mais velho", homem de piedade, experiência,
e juízo são, que lhe havia prestado prolongado e fiel serviço. Exigiu que este
servo fizesse um juramento solene perante o Senhor, de que não tomaria esposa
para Isaque dentre os cananeus, mas que escolheria uma moça da família de Naor,
na Mesopotâmia. Ele o incumbiu de não levar Isaque para lá. Se não pudesse
encontrar uma jovem que quisesse deixar seus parentes, o mensageiro estaria
desobrigado de seu juramento. O patriarca animou-o em seu difícil e delicado
empreendimento, com a segurança de que Deus coroaria de êxito a sua missão.
"O Senhor, Deus dos Céus", disse ele, "que me tomou da casa de
meu pai e da terra da minha parentela, ... enviará o Seu anjo adiante da tua
face." Gên. 24:7.
O mensageiro partiu sem demora. Levando consigo dez camelos
para uso de seu próprio grupo e do cortejo nupcial que com ele poderia voltar,
provido também de presentes para a esposa em perspectiva e pessoas da amizade
desta, fez a longa viagem para além de Damasco, e, a seguir, até as ricas
planícies que margeiam o grande rio do Oriente. Chegando a Harã, "a cidade
de Naor", parou fora dos muros, perto do poço aonde vinham as mulheres do
lugar, à tarde, a buscar água. Foi um momento de ansiosos pensamentos para ele.
Importantes resultados, não somente para a casa de seu senhor, mas para as gerações
futuras, poderiam seguir-se da escolha que ele fizesse; e como deveria ele
sabiamente escolher entre pessoas completamente estranhas? Lembrando-se das
palavras de Abraão, de que Deus enviaria com ele o Seu anjo, orou
fervorosamente pedindo uma direção positiva. Na família de seu senhor ele
estava acostumado ao exercício constante da bondade e hospitalidade, e agora
pediu que um ato de cortesia indicasse a jovem que Deus escolhera.
Apenas proferira a oração, e a resposta fora dada. Entre as
mulheres que estavam reunidas junto ao poço, as maneiras corteses de uma
atraíram sua atenção. Retirando-se ela do poço, o estranho foi ao seu encontro,
pedindo um pouco de água do cântaro sobre os seus ombros. O pedido recebeu
amável resposta, juntamente com um oferecimento para tirar água para os camelos
também, serviço este que era costume mesmo às filhas dos príncipes fazerem para
os rebanhos e gado de seus pais. Assim foi dado o sinal desejado. A jovem
"era mui formosa à vista", e sua diligente cortesia deu prova de bom
coração, e uma natureza ativa, enérgica. Até aí a mão divina estivera com
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ele. Depois de reconhecer sua bondade por meio de ricos
presentes, o mensageiro perguntou quem eram os seus parentes, e, sabendo que
ela era filha de Betuel, sobrinho de Abraão, "inclinou-se" e
"adorou o Senhor". Gên. 24:26.
O homem havia pedido acolhida em casa do pai da moça e nas
expressões de agradecimento por parte dele revelara o fato de sua ligação com
Abraão. Voltando para casa, a moça contou o que acontecera, e Labão, seu irmão,
logo se apressou a levar o estranho e os que o acompanhavam para participarem
da hospitalidade deles.
Eliézer não quis participar do alimento antes que houvesse
transmitido sua mensagem, falado sobre sua oração ao lado do poço, juntamente
com todas as circunstâncias que a acompanharam. Então disse ele: "Agora,
pois, se vós haveis de mostrar beneficência e verdade a meu senhor, fazei-mo
saber; e se não, também mo fazei saber, para que eu olhe à mão direita, ou à
esquerda." A resposta foi: "Do Senhor procedeu este negócio; não
podemos falar-te mal ou bem. Eis que Rebeca está diante da tua face; toma-a, e
vai-te; seja a mulher do filho de teu senhor, como tem dito o Senhor."
Gên. 24:50 e 51.
Depois de obter-se o consentimento da família, a própria
Rebeca foi consultada quanto a ir ela a uma tão grande distância da casa de seu
pai para casar-se com o filho de Abraão. Ela acreditava, pelo que havia tido
lugar, que Deus a escolhera para ser a esposa de Isaque, e disse:
"Irei." Gên. 24:58.
O servo, prevendo a alegria de seu senhor pelo êxito de sua
missão, estava ansioso por partir; e pela manhã puseram-se a caminho para casa.
Abraão morava em Berseba, e Isaque, que estivera cuidando dos rebanhos nos
territórios circunvizinhos, voltara à tenda de seu pai a fim de esperar a
chegada do mensageiro, de Harã. "E Isaque saíra a orar no campo, sobre a
tarde; e levantou os seus olhos, e olhou, e eis que os camelos vinham. Rebeca
também levantou seus olhos, e viu a Isaque, e lançou-se do camelo. E disse ao
servo: Quem é aquele varão que vem pelo campo ao nosso encontro? E o servo
disse: Este é meu senhor. Então tomou ela o véu, e cobriu-se. E o servo contou
a Isaque todas as coisas que fizera. E Isaque trouxe-a para a tenda de sua mãe
Sara, e tomou a Rebeca, e foi-lhe por mulher, e amou-a. Assim Isaque foi
consolado depois da morte de sua mãe." Gên. 24:63-67.
Abraão tinha notado o resultado dos casamentos mistos entre
aqueles que temiam a Deus e os que O não temiam, desde os dias de Caim até o
seu tempo. As conseqüências de seu próprio casamento com Hagar, e das alianças
matrimoniais de Ismael e de Ló, estavam perante ele. Da falta de fé por parte
de Abraão e Sara tinha resultado o nascimento de Ismael, mistura da semente
justa com a ímpia. A influência do pai sobre seu filho era contrariada pela dos
parentes idólatras da mãe, e pela ligação de Ismael com esposas gentias. A
inveja de Hagar, e das esposas que ela escolhera para Ismael, rodeou sua
família com uma barreira que Abraão em vão se esforçou por sobrepujar.
Os primeiros ensinos de Abraão não foram destituídos de
efeito sobre Ismael, mas a influência de suas mulheres teve como resultado
estabelecer a idolatria em sua família. Separado do pai, e amargurado pela
contenda e discórdia de um lar destituído do amor e temor de Deus, Ismael foi
compelido a escolher a vida selvagem e pilhante de chefe do deserto, sendo sua
mão contra todos e a mão de todos contra ele. Gên. 16:12. Em seus últimos dias
arrependeu-se de seus maus caminhos, e voltou ao Deus de seu pai; mas
permaneceu o cunho de caráter dado à sua posteridade. A poderosa nação que dele
descendera foi um povo turbulento, gentio, que sempre foi um incômodo e aflição
aos descendentes de Isaque.
A esposa de Ló foi mulher egoísta, irreligiosa, e sua influência
exerceu-se no sentido de separar de Abraão o seu marido. A não ter sido por
causa dela, Ló não teria permanecido em Sodoma, privado do conselho do
patriarca sábio e temente a Deus. A influência de sua esposa e as relações
entretidas naquela ímpia cidade, tê-lo-iam levado a apostatar de Deus, se não
tivesse sido a instrução fiel que cedo recebera de Abraão. O casamento de Ló e
sua escolha de Sodoma como residência, foram os primeiros elos em uma cadeia de
acontecimentos repletos de males para o mundo durante muitas gerações.
Pessoa alguma que tema a Deus, pode, sem perigo, ligar-se a
outra que O não tema. "Andarão dois juntos, se não estiverem de
acordo?" Amós 3:3. A felicidade e prosperidade da relação matrimonial
depende da unidade dos cônjuges; mas entre o crente e o incrédulo há uma
diferença radical de gostos, inclinações e propósitos. Estão a servir dois
senhores, entre os quais não pode haver concórdia. Por mais puros e corretos
que sejam os princípios de um, a influência de um companheiro ou companheira
incrédula terá uma tendência para afastar de Deus.
A pessoa que entrou para a relação matrimonial quando ainda
não convertida, coloca-se pela sua conversão sob uma obrigação maior de ser
fiel ao consorte, por mais que difiram com respeito à fé religiosa; todavia, as
reivindicações de Deus devem ser postas acima de toda a relação terrena, mesmo
que provas e perseguições possam ser o resultado. Com espírito de amor e
mansidão, esta fidelidade pode ter influência no sentido de ganhar o descrente.
Mas o casamento de cristãos com ímpios é proibido na Bíblia. A instrução do
Senhor é: "Não vos prendais a um jugo desigual com os infiéis." II
Cor. 6:14.
Isaque foi altamente honrado por Deus, sendo feito herdeiro
das promessas pelas quais o mundo deveria ser bendito; entretanto, quando ele
teve quarenta anos de idade, sujeitou-se ao juízo de seu pai ao designar seu
servo experimentado e temente a Deus, a fim de escolher-lhe uma esposa. E o
resultado daquele casamento, conforme é apresentado nas Escrituras, é um quadro
terno e belo, de felicidade doméstica: "E Isaque trouxe-a para a tenda de
sua mãe Sara, e tomou a Rebeca, e foi-lhe por mulher, e amou-a. Assim Isaque
foi consolado depois da morte de sua mãe." Gên. 24:67.
Que contraste entre o procedimento de Isaque e o que é
praticado pelos jovens de nossos tempos, mesmo entre os professos cristãos! Os
jovens mui freqüentemente acham que a entrega de suas afeições é uma questão na
qual o eu apenas deveria ser consultado, questão esta que nem Deus nem os pais
de qualquer modo deveriam dirigir. Muito antes de atingirem a idade de homens
ou mulheres feitos, julgam-se competentes para fazerem sua escolha, sem o
auxílio de seus pais. Alguns anos de vida conjugal são usualmente bastantes
para mostrar-lhes seu erro, mas muitas vezes demasiado tarde para impedir seus
resultados funestos. Pela mesma falta de prudência e domínio próprio que
determinaram a escolha precipitada, dá-se ocasião a que o mal se agrave, até
que a relação matrimonial se torne um jugo mortificante. Muitos assim fizeram
naufragar sua felicidade nesta vida, e sua esperança da vida por vir.
Se há um assunto que deve ser cuidadosamente considerado, e
no qual se deve procurar o conselho de pessoas mais velhas e experientes, é o
do casamento; se a Bíblia já foi necessária como conselheira, se a direção
divina em algum tempo deveria ser procurada em oração, é antes de dar um passo
que liga pessoas entre si para toda a vida. Os pais nunca devem perder de vista
sua responsabilidade pela felicidade futura de seus filhos. O respeito
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de Isaque aos conselhos de seu pai foi o resultado do ensino
que o habilitou a amar uma vida de obediência. Ao mesmo tempo em que Abraão
exigia de seus filhos que respeitassem a autoridade paterna, sua vida diária
testificava que essa autoridade não era um domínio egoísta ou arbitrário, mas
que se fundava no amor, e tinha em vista o bem-estar e felicidade deles.
Pais e mães devem sentir que se lhes impõe o dever de guiar
as afeições dos jovens, a fim de que possam ser colocadas naqueles que hajam de
ser companheiros convenientes. Devem sentir como seu dever, pelo seu próprio
ensino e exemplo, com a graça auxiliadora de Deus, modelar de tal maneira o
caráter de seus filhos desde os seus mais tenros anos que sejam puros e nobres,
e sejam atraídos para o bem e para o verdadeiro. Os semelhantes atraem os
semelhantes; os semelhantes apreciam os semelhantes. Que o amor pela verdade,
pureza e bondade seja cedo implantado na alma, e o jovem procurará a companhia
daqueles que possuem essas características.
Procurem os pais, em seu próprio caráter e vida doméstica,
exemplificar o amor e a beneficência do Pai celestial. Que no lar prevaleça uma
atmosfera prazenteira. Isto será de muito mais valor para vossos filhos do que
terras ou dinheiro. Que o amor doméstico se conserve vivo em seus corações,
para que possam volver o olhar ao lar de sua meninice como um lugar de paz e
felicidade, abaixo do Céu. Os membros da família não têm todos o mesmo cunho de
caráter, e haverá freqüentes ocasiões para o exercício da paciência e
longanimidade; mas, pelo amor e disciplina própria, todos poderão estar ligados
na mais íntima união.
O verdadeiro amor é um princípio elevado e santo,
inteiramente diferente em seu caráter daquele amor que se desperta por um impulso
e que subitamente morre quando severamente provado. É pela fidelidade para com
o dever na casa paterna que os jovens devem preparar-se para os seus próprios
lares. Pratiquem eles aqui a abnegação, e manifestem bondade, cortesia e
simpatia cristã. Assim o amor será mantido cálido em seu coração, e aquele que
parte de um lar semelhante, para se colocar como chefe de sua própria família,
saberá como promover a felicidade daquela que escolheu para companheira de toda
a vida. O casamento, em vez de ser o final do amor, será tão-somente seu
começo.
P.P. 172-176
Reforma
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Solene e publicamente o povo de Judá se comprometera a
obedecer à lei de Deus. Mas quando a influência de Esdras e Neemias esteve por
algum tempo ausente, houve muitos que abandonaram o Senhor. Neemias havia
voltado para a Pérsia. Durante sua ausência de Jerusalém, desenvolveram-se
males que ameaçavam perverter a nação. Os idólatras não apenas haviam
conseguido firmar pé na cidade, mas contaminaram por sua presença o próprio
recinto do templo. Através de casamentos mistos, tinha surgido um parentesco
entre Eliasibe, o sumo sacerdote, e Tobias o amonita, grande inimigo de Israel.
Como resultado desta aliança ilícita, Eliasibe permitira a Tobias ocupasse um
apartamento anexo ao templo, o qual era usado anteriormente para nele se
recolherem o dízimo e as ofertas do povo.
Por causa da crueldade e traição dos amonitas e moabitas
para com Israel, Deus havia declarado por
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intermédio de Moisés que eles seriam para sempre separados
da congregação do seu povo. Deut. 23:3-6. Em desafio desta palavra, o sumo
sacerdote tinha lançado fora as ofertas armazenadas na câmara da casa de Deus,
a fim de que houvesse lugar para este representante de uma raça proscrita. Não
seria possível mostrar maior desprezo a Deus do que conferir favor semelhante a
este inimigo de Deus e da Sua verdade.
Ao retornar da Pérsia, Neemias soube da ousada profanação, e
tomou de pronto medidas para expulsar o intruso. "Muito me
desagradou", ele declara; "de sorte que lancei todos os móveis da
casa de Tobias fora da câmara. E, ordenando-o eu, purificaram as câmaras; e
tornei a trazer ali os vasos da casa de Deus, com as ofertas de manjares e o
incenso." Nee. 13:8 e 9.
Não somente havia o templo sido profanado, mas as ofertas tinham
sido mal empregadas. Isto estava desencorajando a liberalidade do povo. Haviam
perdido seu zelo e fervor, e relutavam em pagar o dízimo. A tesouraria da casa
do Senhor estava pobremente suprida; muitos dos cantores e outros empregados
nos serviços do templo, não recebendo sustento suficiente, haviam deixado a
obra de Deus para trabalharem em outras partes.
Neemias pôs mãos à obra para corrigir esses abusos. Reuniu
todos os que tinham deixado a obra da casa do Senhor, e os restaurou "no
seu posto". Isto inspirou confiança ao povo, e todo o Judá "trouxe os
dízimos do grão, e do mosto, e do azeite aos celeiros". Homens "que
se tinham achado fiéis" foram feitos "tesoureiros... sobre os
celeiros", "e se lhes encarregou a eles a distribuição para seus
irmãos". Nee. 13:11-13.
Recomendações de Deus