A Nobre Origem de Zípora e o Verdadeiro Pecado, Motivo da Punição de Miriã.


Questões em debate: Era Zípora ou seu Pai, Jetro, adoradores de Baal ou outros ídolos? Seria correto pensar que Miriã foi punida por Deus por opor-se ao casamento misto de Moisés com Zípora?

Jetro, da Terra de Midiã.
Jetro ou Reuel era um homem temente e adorador do verdadeiro Deus. Ele morava na terra de Mídia, região de Horebe, na Arábia. Os Midianitas eram uma raça árabe, descendente de Quetura, esposa de Abraão (Gen. 25:1-4). Dominavam a costa para o leste do Golfo de Acaba. Jetro era sacerdote e xeique midianitas.  Conciso Dic. Bíblico, JUERP, pg. 122.
Jetro, Sacerdote de Midiã era um dos filos de Abraão


Jetro tinha sete filhas (Ex. 2:16), uma das quais se chamava Zípora (Êx. 2:21). Era um homem que dava bons conselhos, segundo a vontade de Deus (Ex. 4:18,19). Em uma ocasião ele reconheceu a bondade de Moisés para com suas filhas e retribuiu com hospitalidade (Êx. 2:20).
Qua do Moisés fugiu do Egito, escolheu a terra de Mídia para ser seu local de reclusão. Lá encontrou-se com Zípora e toda a família de Jetro, e acabou indo morar com ele ao seu convite (Êx. 2:21). Algum tempo depois, não se sabe quanto tempo, nem o que aconteceu nesse ínterim, Jetro deu sua filha Zípora a Moisés e este a desposou.
Nessa lacuna de tempo em que Moisés conviveu com a família de Jetro, muita coisa deve ter acontecido como resultado da influência de Moisés perante a família de Jetro. É certo que Jetro e sua família já eram tementes a Deus e com a boa influencia de Moisés em sua casa esse fator foi ainda mais intensificado.
Mais tarde, pela coerência de suas decisões e conselhos, continuou Jetro a dar evidências de que conhecia a Deus e Sua vontade.
Ex. 18:1 – Conhecia os grandes feitos de Deus.
Ex. 18:9 – Alegrou-se com o bem de Israel
Ex. 18:10 – Bendisse a Deus.
Ex. 18:11 – Reconheceu a soberania de Deus.
Ex. 18:12 – Ofereceu sacrifícios e holocaustos a Deus.
Ex. 18:14-25 – Deus sábios conselhos a Moisés.

“O Senhor dirigiu os seus passos, e ele encontrou acolhida em casa de Jetro, sacerdote e príncipe de Midiã, que também era adorador de Deus. Depois de algum tempo, Moisés desposou uma das filhas de Jetro; e ali, ao serviço de seu sogro, como guardador de seus rebanhos, permaneceu quarenta anos”. Patriarcas e Profetas, 252.


Mirian - Comentários de E.G.White em: Patriarcas e Profetas


“Arão e Mirian tinham ocupando posição de grande honra e de chefia em Israel. [...]”.
“Entretanto, o mesmo mal que a principio trouxera discórdia no Céu, surgiu no coração desta mulher de Israel, e ela não deixou de encontrar quem com ela simpatizasse em seu descontentamento.
Na designação dos setenta anciãos, Miriã e Arão não tinham sido consultados, e seus ciúmes despertaram-se contra Moisés. Por ocasião da visita de Jetro, enquanto os israelitas estavam a caminho do Sinai, a pronta aceitação por parte de Moisés do conselho de seu sogro despertou em Arão e Miriã um receio de que sua influência junto ao grande chefe excedesse à deles”.
Na organização do conselho dos anciãos, entenderam que sua posição e autoridade haviam sido desprezadas. Miriã e Arão nunca haviam conhecido o peso dos cuidados e responsabilidades que repousava sobre Moisés; contudo, visto que tinham sido escolhidos para o auxiliarem, consideraram-se co-participantes seus e na mesma medida, do cargo da liderança, e acharam desnecessária a designação de mais auxiliares”.

Miriã e Arão, porém, cegos pela inveja e ambição, perderam isto de vista. Arão fora altamente honrado por Deus pela designação de sua família para o ofício sagrado do sacerdócio; todavia, mesmo isto aumentava agora o desejo de exaltação própria. "Porventura falou o Senhor somente por Moisés? não falou também por nós?" Núm. 12:2. Considerando-se igualmente favorecidos por Deus, entenderam ter direito à mesma posição e autoridade.
Cedendo ao espírito de descontentamento, Miriã achou motivos de queixa nos acontecimentos que Deus de maneira especial dirigira. O casamento de Moisés lhe fora desagradável. O haver ele escolhido uma mulher de outra nação, em vez de tomar esposa dentre os hebreus, foi uma ofensa à sua família e ao orgulho nacional. Zípora era tratada com mal-disfarçado desprezo.

Embora fosse chamada "mulher cusita" (Núm. 12:1), era a esposa de Moisés midianita e, assim, descendente de Abraão. Na aparência pessoal ela diferia dos hebreus, tendo a pele de cor um pouco mais escura. Se bem não fosse israelita, Zípora era adoradora do verdadeiro Deus. Tinha disposição tímida, acanhada, e era gentil, afetuosa, e grandemente sensível à vista do sofrimento; e foi por esta razão que Moisés, quando a caminho para o Egito, consentiu que ela voltasse a Midiã. (Pág. 383, 384; ou 399, 400 de outra edição.)

Quando Zípora se reuniu a seu povo no deserto, viu que os encargos dele lhe estavam esgotando as forças, e deu a conhecer seus temores a Jetro, que sugeriu medidas para o aliviarem. Nisso estava a principal razão da antipatia de Miriã para com Zípora. Doendo-se muito da suposta negligência manifestada a ela e Arão, considerou a esposa de Moisés como a causa, concluindo que sua influência o impedira de os tomar em seus conselhos como antes fazia. Houvesse Arão permanecido firme pelo que era reto, e poderia ter reprimido o mal; mas, em vez de mostrar a Miriã a pecaminosidade de sua conduta, compartilhou-lhe os sentimentos, deu ouvidos às suas palavras de queixa, e assim veio a partilhar de seus ciúmes. (Pg. 384 ou 401).

“Deus escolhera a Moisés, e sobre ele pusera o seu Espírito; e Miriã e Arão, pelas suas murmurações, eram culpados de deslealdade, não somente para com o chefe que lhes fora designado, mas para com o próprio Deus. Os sediciosos faladores foram convocados ao tabernáculo, e levados perante Moisés. "Então o Senhor desceu na coluna de nuvem, e Se pôs à porta da tenda; depois chamou a Arão e a Miriã." Sua pretensão ao dom profético não foi negada; podia ser que Deus lhes tivesse falado em visões e sonhos. Moisés, a quem o Senhor mesmo declarou "fiel em toda a Minha casa", uma comunhão mais íntima fora concedida. Com ele o Senhor falava boca a boca. "Por que pois, não tiveste temor de falar contra o Meu servo, contra Moisés? Assim a ira do Senhor contra eles se acendeu; e foi-Se." A nuvem desapareceu do tabernáculo em sinal do desprazer de Deus, e Miriã foi castigada. Ela ficou "leprosa, como a neve". Núm. 12:5-10. Arão foi poupado, mas teve severa repreensão no castigo de Miriã. Agora, com o orgulho humilhado até ao pó, Arão confessou seu pecado, e rogou que sua irmã não fosse deixada a perecer por aquele flagelo repugnante e mortal. Em resposta às orações de Moisés, a lepra foi purificada. (Pg.385 ou 402)

O caso de Miriã citado no episódio da rebelião de Core:
“Aquele que lê os segredos de todos os corações, notara os propósitos de Coré e seus companheiros, e dera a Seu povo aviso e instrução suficientes para os habilitarem a livrar-se do engano daqueles homens mal-intencionados. Tinham visto os juízos de Deus recaírem em Miriã por causa de sua inveja e queixas contra Moisés. O Senhor declarara que Moisés era maior do que profeta. "Boca a boca falo com ele." "Por que, pois", acrescentou Ele, "não tivestes temor de falar contra o Meu servo, contra Moisés?" Núm. 12:8. Estas instruções não se destinavam a Arão e Miriã somente, mas a todo o Israel”.   (396 ou 416)

O Grave Pecado da Rejeição dos Instrumentos Humanos Chamados por Deus.

“Esta manifestação do desprazer do Senhor destinava-se a ser um aviso a todo o Israel, para reprimir o crescente espírito de descontentamento e insubordinação. Se a inveja e descontentamento de Miriã não houvessem sido repreendidos de maneira assinalada, disto teria resultado um grande mal. A inveja é uma das mais satânicas características que podem existir no coração humano, e uma das mais funestas em seus efeitos”.

A Bíblia nos ensina especialmente a nos precavermos quanto a fazer acusações contra aqueles a quem Deus chamou para agirem como seus embaixadores. [cita: II Ped. 2:10,11 e I Tem. 5:19].
O juízo que caiu sobre Miriã deveria ser uma repreensão a todos os que se entregam à inveja, e murmuram contra aqueles sobre quem Deus põe o encargo de Sua obra. (Pg.385,386 ou 402)

 “Dificilmente poderão os homens cometer maior insulto a Deus do que desprezar e rejeitar os instrumentos que deseja usar para a salvação deles. Os israelitas não somente fizeram isto, mas propuseram-se a matar a Moisés e Arão. [...] Alimentavam ódio contra os homens que por Deus haviam sido designados, e ligaram-se a fim de resistirem à autoridade dos mesmos. Satanás estava a postos para perverter-lhes o discernimento e leva-los de olhos vendados à destruição.” (pgs. 401, 402 ou 422, 423).

Conclusão
As evidencias bíblicas e do Espírito de Profecia, aqui apresentadas (ver trechos em negrito e sublinhados), são mais que suficientes para  mostrar que:
Jetro, sogro de Moisés, não era adorador de Baal ou outro qualquer ídolo, mas adorador do verdadeiro Deus.
Os midianitas eram descendentes de Abraão.
Zípora, esposa de Moisés era adoradora do verdadeiro Deus.
O motivo da punição de Miriã não foi a oposição dela ao casamento de Moisés com uma mulher de outra nação.
A verdadeira razão de o juízo divino recair sobre Miriã e Arão foram seus sentimentos de inveja, ciúme,  oposição e queixas contra a liderança constituída por Deus na pessoa de Moisés.

A palavra de Deus deve ser estudada com atenção, oração e o sincero desejo de aprender dela e não de moldá-la às nossas conveniências.
Seja a Bíblia soberana sobre nossa vontade ou preferências e nunca façamos uso das Sagradas Escrituras para ensinar ou defender teses pessoais, muito menos quando estas se baseiam em uma compreensão equivocada do texto sagrado.
Esta é a atitude do fiel e sincero pesquisador. O que passar disso...         seja anátema!!




Pr. Edinaldo Juarez