Por que não é aconselhável a um cristão (ou a qualquer outra
pessoa) ir ao cinema?
Este artigo procura explicar a influência que o “local
cinema” pode ter na vida do indivíduo, relacionado a questões de
espiritualidade, mente, comportamento e a aspectos fisiológicos. Este estudo
não tem como intenção mostrar que filmes são indicados ou não para serem
assistidos, ou se os filmes devem somente ser assistidos em casa (existem
parâmetros bem definidos para isso na Bíblia e alguns textos de referência
estão no fim deste artigo).
Aspectos psicológicos e sociológicos
1. Ritual religioso. Seja do ponto de vista evolucionista ou
criacionista, sabe-se que o ser humano sempre teve a necessidade de adorar
alguma coisa, algo, em algum lugar e vemos isso presente em todos os tempos,
locais e culturas. Em termos de Semiótica e da Psicologia da Comunicação, é
sabido que o ato de ir ao cinema se trata de um “ritual religioso”, por meio de
uma representação dirigista, e que o cinema (o local) é comparado a um templo.
Ou seja, pessoas desconhecidas, de diversos lugares convergem em um único
ponto, em um lugar especial, específico (coisas especiais se fazem em lugares
importantes) para “venerar” algo/alguém.
“Não é estranho que Hollywood fosse comparada com Meca e que
os cinemas fossem comparados com os templos. Em todos esses contextos, os
espectadores se abrem para a revelação que lhes é dada, acolhem em atitude de
êxtase a força sagrada, veneram com devoção a seus deuses e deusas, recebem com
fé mensagens que conferem um sentido a suas vidas e acolhem com reverência os
modelos de vida que lhes impõem. É desta forte conexão com a emoção e com o
inconsciente que as imagens incidem nas crenças e nos comportamentos, são
reguladoras da conduta, veículos privilegiados para a implantação de modelos de
vida” (Joan Ferrés, Televisão Subliminar – Socializando através de comunicações
despercebidas, Artmed, 1998; Ferrés é professor na Universidade de Barcelona,
pesquisador e pedagogo especialista na área de mídia).
Implicações – O indivíduo que vai ao cinema,
intrinsecamente, estará preenchendo sua necessidade de adorar alguma coisa em
algum lugar e, como consequência, por que ele sentiria, então, a necessidade de
adorar a Deus na igreja? Ele poderá perder esse desejo ou diminuí-lo
paulatinamente, substituindo-o por algo muito mais excitante aos seus sentidos.
2. Deuses, astros e ídolos. Outro aspecto “espiritual” do
ato de ir ao cinema é a referência aos “astros”, “deuses” e “ídolos” do cinema.
Muitas vezes, o indivíduo não vai ao cinema por causa do filme, mas, sim, por
causa do ator/atriz que ele tanto admira. Prova disso são frases do tipo “você
já viu o novo filme do fulano/fulana?”, servindo como referência ao ídolo do
cinema e não ao filme, ou seja, o ator é a referência para que se vá assistir
ao filme. Novamente, essa é uma analogia com aspectos religiosos, no ato de ir
ao cinema.
Implicações – Novamente, a “concorrência” que tais ídolos,
deuses e astros do cinema estariam fazendo ao preencher a busca de um
referencial, algo inerente ao ser humano. O verdadeiro Deus ficaria, assim,
suprimido e perderia espaço na adoração, na mente e no tempo do indivíduo que
vai ao cinema.
3. Suspensão da realidade ou credibilidade. Ao adentrar um
ambiente fantasioso, que gera toda uma expectativa, o indivíduo deixa fora sua
realidade e se permite sonhar, esquecer seu cotidiano, esquecer o que rege sua
vida, seus princípios, do que é louvável ou não, do padrão do certo ou errado.
Ele fica envolvido. Quer esquecer a realidade e viver o filme. Joan Ferrés, em
seu livro, diz: “O espectador esquece os cabos que sustentam o Superman e as transparências
que animam seu voo, porque necessita sonhar com a superação das limitações que
lhe atam a uma realidade medíocre e cinzenta.”
Implicações – Quando se vai a um ambiente em que a realidade
fica “de fora”, a mente fica “aberta” a novas mensagens apresentadas de modo
intenso, porque a noção do certo e errado acaba minimizada.
4. Interação social. O indivíduo vai ao cinema e está,
também, interagindo com os demais “adoradores”; estão partilhando do mesmo
ideal, pois não existe cinema sem pessoas. Seria totalmente desconfortável
estar numa sala de cinema e ter meia dúzia de “gatos pingados”. Desde coisas
simples, como onde sentar, quem sentará ao meu lado, o contágio do clima
fílmico, toda a questão de “comunidade” está ali presente, pois todos estão ali
com o mesmo objetivo. Não é nenhuma coincidência a semelhança com o contágio
social, o senso de comunidade em uma igreja, de pessoas que estão ali para
adorar a Deus.
Veja esta citação da matéria “Por que os cinemas não
morreram”, publicada na revista Sociologia, edição nº 2 (Editora Escala): “Uma
das poucas vantagens do cinema em relação às demais mídias é o forte apelo da
indústria cultural divulgando as estreias dos filmes, pois a indústria cultural
trabalha constantemente com o novo. Ainda assim, as salas de cinema ainda são
capazes de atrair as pessoas para desvendar o mistério de assistir um filme em
grande écran, acompanhadas de desconhecidos que compartilham sentimentos e
expectativas por um breve período de exibição de uma película. Enfim, parece
que as pessoas ainda precisam do clima místico do cinema e da partilha de
sentimentos coletiva para se sentirem como parte do mundo, por mais que este
hoje pareça tribalista.”
Implicação – Quem vai ao cinema está também preenchendo ali
seu senso de coletividade, ao “congregar” e partilhar do mesmo objetivo com
outros indivíduos.
O ambiente: aspectos neurofisiológicos
Partindo do princípio de que a sala de cinema é projetada
especialmente para dar um grande impacto emotivo, uma hiperestimulação
sensorial, ser realmente algo especial e marcante para o espectador, podemos
tirar algumas conclusões:
1. O som. No ambiente da sala do cinema o som proporciona ao
espectador algo mais do que o envolvimento emocional de uma trilha sonora.
Geralmente, é um som alto, surround e com intensidade acima de 90 decibéis,
quando este é então percebido também como vibrações. Essas vibrações penetram
no corpo influenciando diretamente nossos órgãos. As ondas sonoras graves têm
maior comprimento e podem penetrar em distâncias maiores. No labirinto (órgão
do ouvido), existe um líquido que, quando se movimenta, empurra as células
ciliadas para um lado ou outro. Quando viramos a cabeça para um lado, o líquido
se movimenta e empurra os cílios das células receptoras para o outro lado, aumentando
ou diminuindo o número de estímulos elétricos enviados pelo nervo ao sistema
nervoso central. O sistema nervoso central é que decifra a quantidade de
estímulos elétricos, compara com a posição do resto do corpo e dá a percepção
de equilíbrio.
Se um som com 90 decibéis ou mais fizer com que o líquido do
labirinto incline os cílios das células receptoras, o sistema nervoso vai
decifrar isso como movimento e ajustará os músculos dos membros para
equilibrar, podendo assim alterar o equilíbrio do corpo em meio à contemplação
de um filme com tal volume de som, por exemplo.
As imagens projetadas nos olhos também influenciam o
equilíbrio, pois o Cerebelo é que integra as informações oriundas dos olhos e
aquelas oriundas do labirinto. Muitas vezes, em um ambiente de cinema, as
informações vindas do labirinto e dos olhos são conflitantes e isso também
provoca desequilíbrio.
Como os nervos que levam informações do labirinto para o
cérebro são muito próximos do nervo vago, que leva e traz informações do
sistema gastrointestinal, uma estimulação forte do nervo que sai do labirinto
pode estimular o nervo vago e produzir ânsia de vômito e até vômitos.
Enquanto houver estímulos sobre as células receptoras e o
cérebro receber essas informações, esses fenômenos continuarão ocorrendo.
Implicação – A intensidade do som de uma sala de cinema é
além de 90 decibéis e, aliada a um efeito surround, a noção de equilibro é em
muito diminuída (o indivíduo fica “zonzo”, “tonto”), no transcorrer do filme.
Isso compromete em muito seu estado de lucidez e seu senso
crítico/discernimento, nesse tipo de ambiente.
2. Hiperestímulo sensorial. O indivíduo que assiste a um
filme em uma sala de cinema está enormemente mais exposto a hiperestímulos
sensoriais do que o que assiste a um filme em sua casa, pelos fatores
anteriormente abordados e pelo que ainda será abordado mais adiante.
Quando escutamos e/ou vemos algo, essa informação sonora e
auditiva, esses estímulos sensoriais são transformados em impulsos nervosos,
sendo enviados ao córtex cerebral para serem interpretados e se tornarem ou não
conscientes (segundo estudos, não mais que 20% do que vemos ou ouvimos vai para
o consciente; o restante vai para o inconsciente humano e ali não se tem controle
de como atuará em todo o corpo e mente). Antes de chegarem ao córtex cerebral
os estímulos chegam a uma “estação retransmissora” chamada tálamo. No tálamo,
existem sinapses com várias partes do sistema nervoso:
a) Sistema límbico, responsável pelas emoções.
b) Hipotálamo, que controla o sistema nervoso autonômico, responsável pelo controle dos batimentos cardíacos, sudorese, pupilas, respiração, secreção de adrenalina pela glândula suprarrenal, etc., e a glândula hipófise, responsável pelo controle dos hormônios e das várias outras glândulas do corpo.
c) Tronco cerebral, onde é controlado o ciclo sono/vigília e o movimento e equilíbrio do corpo.
b) Hipotálamo, que controla o sistema nervoso autonômico, responsável pelo controle dos batimentos cardíacos, sudorese, pupilas, respiração, secreção de adrenalina pela glândula suprarrenal, etc., e a glândula hipófise, responsável pelo controle dos hormônios e das várias outras glândulas do corpo.
c) Tronco cerebral, onde é controlado o ciclo sono/vigília e o movimento e equilíbrio do corpo.
Assim, os sons e imagens podem provocar variadas reações no
organismo. Quando os estímulos chegam ao tálamo, ele decide para onde vai
enviar sinais nervosos e quais estruturas nervosas e hormonais vai acionar.
Por exemplo, filmes que contenham cenas de suspense, terror,
guerra, mortes geram uma reação de estresse e o sistema nervoso autonômico é
estimulado e prepara o organismo para lutar ou fugir (reação de fuga ou luta).
O corpo então é preparado para esforço físico forte e rápido: aumentam os
níveis de glicose no sangue, o sangue é deslocado de regiões como cérebro,
estômago e intestino para aumentar o fluxo sanguíneo nos músculos; ainda
aumentam a frequência respiratória e cardíaca, a velocidade de coagulação
sanguínea, ocorre sudorese, a pupila fica dilatada, diminui o fluxo sanguíneo
em outros órgãos como rins e sistema gastrointestinal, aumenta a liberação de
adrenalina, noradrenalina e cortisol na glândula suprarrenal.
Essa situação deve ocorrer por pouco tempo, pois se perdurar
por mais do que 15 ou 20 minutos, os efeitos do cortisol fazem com que o
sistema imunológico fique deprimido. Além disso, os efeitos da adrenalina e da
noradrenalina provocarão aumento da pressão arterial e a função renal será
prejudicada. Perceba que o indivíduo poderá ter todas essas reações estando
estático, sentado em uma cadeira de uma sala de cinema.
Mas um filme que gera essas sensações tem duração de somente
15 ou 20 minutos? Vale lembrar que em qualquer tipo de filme existe suspense em
relação a “qual será a próxima cena”, embalado por trilhas sonoras e tomadas de
câmera envolventes. Deve-se ter o discernimento do que, como e onde assistir –
fatores decisivos que interferem na influência das películas em nossa mente.
Além disso, quando o sistema límbico (responsável pelas
emoções) é ativado, várias reações emocionais são acionadas, além de estimular
a aquisição de dados na memória.
Uma vez que o hipotálamo seja estimulado, tanto o sistema límbico (emoções) e o sistema nervoso autonômico (batimentos cardíacos, respiração, secreção de adrenalina, etc.) quanto o sistema hormonal ficarão alterados. Quanto mais intensa for a entrada e quantidade de estímulos sensoriais, mais estruturas nervosas serão estimuladas.
Uma vez que o hipotálamo seja estimulado, tanto o sistema límbico (emoções) e o sistema nervoso autonômico (batimentos cardíacos, respiração, secreção de adrenalina, etc.) quanto o sistema hormonal ficarão alterados. Quanto mais intensa for a entrada e quantidade de estímulos sensoriais, mais estruturas nervosas serão estimuladas.
O centro do prazer é formado por estruturas do sistema
límbico (das emoções) e é estimulado por neurotransmissores e/ou hormônios
como: dopamina, serotonina, endorfinas, noradrenalina e adrenalina. Quando esse
centro do prazer é estimulado o individuo tende a repetir a experiência para
produzir prazer novamente.
A superestimulação sensorial também produz aumento do nível
desses receptores nas sinapses. Se esses neurotransmissores estimularem de
maneira mais demorada (qual a duração de um filme?), o centro do prazer leva ao
estado de dependência – desejo de repetir a experiência – e à tolerância –
necessidade de uma dose maior para produzir o mesmo sentimento de prazer. A isso
se chama vício. Embora tal mecanismo também ocorra em estímulos
neurossensoriais recebidos de um filme em uma televisão, os efeitos em uma sala
de cinema são consideravelmente mais intensos, devido aos fatores abordados e a
serem ainda expostos.
Outra consequência de filmes assistidos em salas de cinema é
a “anestesia e atrofia” do que popularmente chamamos de “consciência”. Um dos
centros nervosos que recebem impulsos do hipotálamo e do ouvido é um núcleo
denominado Lócus Cerúleos. Esse núcleo envia neurotransmissores para algumas
partes do cérebro, entre elas está o córtex pré-frontal. Quando ocorre muita
estimulação do Lócus Cerúleos (como assistir a um filme no cinema), ele faz com
que estímulos nervosos liberem noradrenalina dos terminais dos nervos que
chegam ao córtex pré-frontal. A atuação de níveis altos de noradrenalina no
córtex pré-frontal atua como uma forma de anestesia das funções dessa região.
Por isso, as funções de tomar decisões corretas ficam
prejudicadas, pois o córtex pré-frontal não consegue buscar informações
armazenadas na memória e em outras regiões (como se a “base de dados” do que é
certo e errado estivesse sendo bloqueada). Assim, a razão, o domínio próprio, a
consciência ficam afetados. Como a razão fica “anestesiada”, as emoções dominam
as ações. Como os hormônios foram liberados em maior quantidade pela
estimulação do hipotálamo, o desejo sexual e qualquer outra função ficam fora
do controle da razão, por exemplo.
Implicação – Podemos enumerar as implicações:
1. Assim como não temos mais domínio sobre a ação de um copo
d água dentro do corpo depois que a ingerimos, não temos mais domínio próprio
em uma informação visual e auditiva que percebemos, pois ela se transforma em
impulsos nervosos e torna-se algo fisiológico; não mais há o domínio próprio
sobre o efeito que terá no corpo do indivíduo.
2. Funções metabólicas e sistema imunológico ficam
prejudicados mediante a exposição a uma hiperestimulação do corpo em uma sessão
de cinema (alteração de batimentos cardíacos, pressão arterial, sudorese,
pupilas, respiração, secreção de neurotransmissores e hormônios, etc.).
3. A exposição a esses estímulos neurosensoriais intensos
leva a um estado de: (1) dependência – desejo de repetir a experiência, e (2)
tolerância – necessidade de uma dose maior para produzir o mesmo sentimento de
prazer. Tais fatores são popularmente chamados de vício. Surge então o perigo
de que o ato de frequentar o cinema não será mais um prazer suficiente para
gratificar o mecanismo de recompensa do cérebro, pois este pedirá estímulos
mais intensos.
4. Outra consequência é a que o espectador assíduo do cinema
acaba por achar monótono tudo o que é abstrato ou estático (como a leitura de
livros e revistas, que requerem mais concentração e um cérebro mais treinado na
abstração que é requerida na leitura). O indivíduo acaba necessitando de
sobrecarga sensorial para se sentir vivo e gratificado.
5. O córtex pré-frontal e suas funções (consciência, razão,
discernimento, domínio próprio) ficam atrofiados e anestesiados pela atuação de
níveis altos de noradrenalina liberados pela estimulação do Lócus Cerúleos. As
funções de tomar as decisões corretas ficam prejudicadas e o indivíduo passa a
tomar suas decisões baseados em aspectos emotivos e não racionais.
3. Dimensões da tela de cinema
Um dos grandes diferenciais entre assistir a um filme em uma
televisão e em uma sala de cinema, com certeza, é a dimensão da tela. Somente
por essa comparação, deduz-se que a quantidade de informação e influência
visual é muito mais intensa. Quantas televisões “cabem” em uma tela de cinema?
Ainda nessa comparação, a tela de cinema envolve a visão
fóvica (central) e a visão periférica. Uma televisão comum certamente não
engloba as visões fóvica e periférica ao mesmo tempo, por mais que as telas
estejam maiores e quase sempre haja interferência e distrações no ambiente
(alguém se levanta, vai ao banheiro, cozinha, existem comentários entre os
espectadores, etc.).
Indo para o campo fisiológico, explicaremos como ocorre a
estimulação da retina e como isso chega ao córtex visual (SNC – Sistema Nervoso
Central).
Campo receptivo é a chamada área da retina em que um
estímulo luminoso (imagem) altera os fotorreceptores (cones e/ou bastonetes),
provocando atividade dos neurônios da via visual (nervo óptico). Na fóvea
(visão fóvica, central), que fica no centro da retina onde a acuidade visual é
maior, os campos receptivos são menores comparados àqueles da retina periférica
(ou visão periférica). Tais campos receptivos dos neurônios que recebem
informações dos fotorreceptores são circulares. Esse campo receptivo circular é
dividido num círculo central e num círculo periférico. A área central desse
círculo central (visão fóvica, central) é estimulada de forma antagônica à do
círculo periférico (visão periférica), ou seja, se antagonizam mutuamente.
Quando estímulos visuais (imagens) atingem apenas a
periferia de um campo receptivo, a estimulação dos neurônios é mínima. Porém,
quando a imagem estimula a periferia e o centro de um campo receptivo,
simultaneamente, então a estimulação das células nervosas é máxima e, como
consequência, muitíssimo mais informações visuais adentrarão o cérebro.
Possivelmente, a exposição de um filme numa tela grande
facilite a estimulação de uma área maior na retina, principalmente nas regiões
laterais onde os campos receptivos dos neurônios são maiores. Lembramos que em
uma sala de cinema o indivíduo permanece estático, sem muitos movimentos de
corpo e cabeça, por no mínimo 90 minutos.
Apenas para completar, existem vias nervosas separadas para
levar até o córtex visual os diversos estímulos: uma para cor, outra para forma
e profundidade da imagem e outra para movimento. As informações visuais
contidas numa imagem são primeiramente detectadas e analisadas por diferentes
circuitos neurais, depois permitindo a síntese da informação para a percepção
global no córtex visual.
Implicação – Não existe “escape visual” ao estar em uma
sessão de cinema. Por no mínimo 90 minutos, o indivíduo estará exposto a uma
estimulação máxima nas células receptoras da visão devido à dimensão da tela,
por englobar visão fóvica e periférica, o que gera uma influência muito maior
da mensagem filosófica do filme e seus efeitos fisiológicos na mente e corpo.
4. Resposta pupilográfica
Outro fator relacionado ao ato de assistir a um filme em uma
sala de cinema é a dilatação da pupila, ou midríase (nomenclatura fisiológica)
ou ainda resposta pupilográfica. A pupila é a porta de entrada dos estímulos
luminosos (imagens), portanto, quanto mais dilatada estiver, com maior
abertura, mais estímulos neurossensoriais adentrarão com maior intensidade no
organismo do indivíduo.
É bem conhecido que em um ambiente escuro a pupila se dilata
mais para que entre mais luz (estímulos luminosos, imagens) e, assim, se tenha
melhor acuidade visual. Obviamente, em uma sala de cinema não existe luz
ambiente (o ambiente é projetado para ser escuro) e a tela não emite luz como
uma TV, uma vez que as imagens do filme são projetadas sobre a tela e ela
refletirá pouca luz. Com isso, o ambiente tende a ficar mais escuro do que num
ambiente em que o filme é assistido em uma TV e a abertura da pupila é maior –
ou seja, mais estímulos neurossensoriais chegarão ao cérebro.
A pupila aumenta de tamanho; “abre-se” frente a estímulos
agradáveis (alguém vai a uma sala de cinema para assistir a um filme que para
si é “desagradável”?), e diminui de tamanho, “resiste”, se fecha frente a
estímulos desagradáveis. Toda experiência nova faz com que adrenalina e
noradrenalina sejam liberadas estimulando o centro do prazer. Como os jovens
estão mais interessados em experiências novas, pois em sua memória ainda não
estão registrados os resultados dessas experiências e suas consequências, eles
desfrutam de prazer por praticar atividades que liberem esses
neurotransmissores. Assim, situações novas ou desafiadoras fazem com que o
sistema nervoso autonômico simpático libere noradrenalina e adrenalina, e uma
das ações dessas substâncias é a midríase (dilatação das pupilas). Como
mencionado anteriormente, essa dilatação proporciona maior entrada de luz nos
olhos e uma visão mais acurada, e maior entrada de estímulos neurossensoriais.
Em situações de repouso, quem comanda nossas atividades
autonômicas é o sistema nervoso autonômico parassimpático. Entre suas funções
estão: diminuição dos batimentos cardíacos, aumento dos movimentos
gastrointestinais, miose (contração das pupilas), dilatação dos vasos
sanguíneos dos órgãos internos, etc.
Implicação – Podemos comparar, quem sabe, a pupila como um
funil. Quanto maior for sua abertura, mais substâncias entrarão pelo orifício.
A pupila é um “funil visual”: quanto maior a abertura, mais informação, mais
influência, mais consequências comportamentais e fisiológicas. O olho não passa
somente de um sensor e cerca de ¼ do cérebro é dedicado à visão.
5. Hipnose. Todas as questões anteriormente abordadas,
somadas à “equação” ambiente escuro + corpo estático + olhar fixamente por mais
de 90 minutos para um único ponto de luz, sugerem um estado de princípio de hipnose.
Na hipnose, há a ausência de piscadas dos olhos e, quanto menos piscamos, mais
intensamente estamos no estágio de pré-hipnose. A hipnose ocorre quando nossa
mente está sob controle de um comando externo e perdemos o controle voluntário.
Isso pode ocorrer voluntariamente ou involuntariamente.
Quando o indivíduo se dispõe a fazer todo o ritual de ir ao
cinema, ficar exposto a toda sorte de estímulos psicológicos, sociológicos e
fisiológicos, a “entrar no filme” e participar dele com todas as influências já
abordadas, contemplando fixamente a produção que fabrica emoções, esse
indivíduo está permitindo que as mensagens daquele filme dominem sua mente e
suas emoções por um determinado espaço de tempo; ele se expõe a uma hipnose
voluntária.
O simples fato de tais mensagens e filosofias dos filmes
começarem a fazer parte da cultura e comportamento do indivíduo e predominarem
em sua mente por meio da contemplação passiva desses já pode ser considerado
uma hipnose voluntária.
Ademais, o período de tempo em que esses “valores
hollywoodianos” permanecerão na mente e no comportamento do indivíduo dependerá
do quanto sua consciência interferirá nesse processo (já abordamos
anteriormente como o córtex pré-frontal é “anestesiado” sob tais influências).
A avaliação do “certo e errado” das mensagens conscientes do
filme ficará então muito prejudicada com a consciência “bloqueada”,
“anestesiada” e não conseguindo avaliá-las na comparação com os padrões éticos
e morais memorizados.
Além desses aspectos, as mensagens abaixo do limiar da
consciência (subliminares) não estão disponíveis para avaliação e escolha do
que seja certo ou errado.
Assim, quanto mais cada indivíduo ficar exposto a todas as
influências comentadas neste artigo e a menos padrões éticos, mais os conceitos
enviados pelos filmes dominarão sobre os padrões estabelecidos.
Implicação – Se comentasse com um amigo que você iria se
dirigir a uma reunião com indivíduos com quem jamais se encontrou antes, em um
salão, auditório fechado, escuro, com som alto que compromete seu equilíbrio
corporal, contemplando fixamente um único ponto de luz que envolve toda sua
visão, sem escape visual, por cerca de duas horas, com suas emoções em seu
limiar, acolhendo mensagens, filosofias e roteiros cuidadosamente elaborados
para gerar um estado de êxtase em você, o que esse amigo lhe diria a respeito
disso?
Para reflexão: “Não porei coisa má diante dos meus olhos”
(Salmo 101:2). “A candeia do corpo são os olhos; de sorte que, se os teus olhos
forem bons, todo o teu corpo terá luz” (Mateus 6:22). “Sobre tudo o que se deve
guardar, guarda o teu coração, porque dele procedem as fontes da vida”
(Provérbios 4:23). “Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que
é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o
que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai”
(Filipenses 4:8).
(Cristiano James Kleinert, designer/programador visual)
Contribuições técnicas:
Prof. Dr. Hélio Pothin (professor de Fisiologia Humana na
Universidade Federal de Santa Maria)
Prof. Dr. Eduardo Guillermo Castro (professor do
Departamento de Psicologia da Universidade Federal de Santa Maria)
Fonte: http://www.perguntas.criacionismo.com.br/
Site Advir: publicado em: 04/02/2012 | 6:25