Os Adventistas e as Jóias


JÓIAS NA BÍBLIA
Por ANGEL MANUEL RODRIGUEZ
Finalmente, após anos de debates às vezes calorosos, uma publicação nova aborda as dúvidas sobre o que a Bíblia ensina sobre o uso de jóias. O Dr. Angel Manuel Rodriguez, colunista da Adventist Review e diretor associado do Instituto de Pesquisas Bíblicas da Conferência Geral, colocou em palavras uma visão do assunto, sob o ponto de vista bíblico, livre de sentimentos e depois de muito pesquisar. Em 125 páginas, JÓIAS NA BÍBLIA explora as implicações de como a Bíblia lida com essa questão  e como isso se relaciona com a vida cristã.




Publicado este ano, o livro proporciona informação atualizada que deve ser levada em consideração antes de se chegar a conclusões. Aqueles que estão dispostos  encarar o assunto sem pré julga-lo devem aproveitar a oportunidade para ler o livro por inteiro.

Aqueles que acreditam na Bíblia como norma de fé e prática, estão dispostos a compreender como seus ensinamentos sobre o uso de jóias afetam a vida cristã de cada um. Reconhecemos  que as pessoas são muito sensíveis no que diz respeito a regras sobre o que usar ou não usar, mas a questão neste caso é definida pela autoridade da Bíblia em nossas vidas. Os adventistas  se dizem sempre dispostos a submeterem-se à vontade de Deus expressa nas escrituras, e por esta razão nos sentimos à vontade para explorar as implicações dos ensinos bíblicos sobre jóias para nós hoje. Interessante que este assunto não é tão complexo como muitos acreditam, uma vez que entendemos o ponto de vista bíblico sobre o assunto. Então, vamos explorar algumas das implicações.

A. ALGUMAS IMPLICAÇÕES
1. Posição Adventista sobre o uso de jóias e a Bíblia
A posição adventista concernente ao uso de jóias rejeita o uso das jóias ornamentais e aceita que existam  jóias funcionais, e que o uso destas não necessariamente viola o padrão. Como visto acima, isto é o que a Bíblia declara com respeito ao uso de jóias. É verdade que para algumas pessoas é difícil aceitar o conceito de que as jóias hoje podem ter funções diferentes, mas elas, mesmo no mundo ocidental servem para várias utilidades. Jóias religiosas são comuns entre os integrantes do movimento Nova Era e também entre cristãos ( o crucifixo, entre os católicos);  e o interesse no ocultismo tem trazido o uso de jóias para proteção. Em alguns países as jóias indicam a posição social de responsabilidade  de reis, rainhas e chefes tribais. É claro que a jóia funcional mais conhecida é a aliança matrimonial, usada como símbolo de amor e comprometimento entre o casal. Entretanto, na maioria dos casos a função principal das jóias hoje, parece ser ornamental. É este aspecto ornamental que a igreja, de acordo com as escrituras, tem rejeitado e tido como inapropriado para os cristãos.

Jóias ornamentais usualmente, mas não exclusivamente, se encontram na forma de brincos, anéis, anéis de nariz, pulseiras, colares e pulseiras de tornozelo, e são usadas para sofisticar a aparência do indivíduo. De uma certa maneira esta é a definição implícita de jóias ornamentais que encontramos no “Action  on Display and Adornment” feita durante o Concílio Anual da Conferência Geral em 1972. Diz: “Adereços pessoais, colares, brincos, pulseiras e anéis ornamentais não devem se usados.”1

2. USO RESTRITO DE JÓIAS FUNCIONAIS
Sem dúvida esta é a área que tende a criar confusão nas mentes de alguns adventistas que preferem ter todos os tipos de jóias como sendo do mau, ou entre aqueles que preferem rejeitar o padrão, mas preservar o princípio por trás dele. Permitindo o uso limitado de jóias funcionais, a igreja está seguindo a posição bíblica. A questão com a qual se depara consiste em definir o que é jóia funcional, e a partir de que ponto esta passa a ser ornamental.

Partindo-se do princípio de que a maioria das sociedades tem um entendimento cultural do que vem a ser jóia funcional, não será difícil identifica-las. O que cada um precisa perguntar é: Qual é o objetivo desta peça em minha cultura? Se
não se conseguir descobrir o objetivo, este é provavelmente ornamental. No mundo ocidental as jóias funcionais são fáceis de se identificar, porque suas funções são intrínsecas a suas possibilidades de marketing e satisfazem a necessidades específicas na vida do indivíduo. Por exemplo, o relógio foi feito com o objetivo expresso de nos informar as horas; uma aliança de casamento já é vendida como aliança de casamento; e abotoaduras são manufaturadas para unir os punhos da camisa. O broche pode ser um ornamento funcional se for usado para manter unidas duas ou mais peças de roupa.

Obviamente, uma jóia funcional pode ser feita de maneira que sua função ornamental sobrepuje qualquer outro objetivo.Neste caso ela deve ser considerada inapropriada para um cristão. Sobre que base isto deve ser decidido? A solução que o texto bíblico sugere é o uso de princípios bíblicos para determinar o que é e o que não é apropriado como adereços pessoais. Provavelmente poderiam ser identificados vários princípios, mas a igreja aponta os três mais importantes: simplicidade, modéstia e economia. Jóias funcionais devem ser avaliadas com base nestes três princípios.

“Simplicidade”, apesar de não ser um termo muito comum na Bíblia, é considerada uma importante virtude cristã. No novo testamento o termo grego haplotes parece ser o mais importante usado para expressar conceitos de simplicidade, singeleza e sinceridade. 2 A utilização deste termo na tradução grega do velho testamento e no novo testamento indica que simplicidade consiste em compromisso indivisível a um único objetivo, o serviço de Deus. É caracterizado pela ausência de comportamento ambíguo ou duplo (2 cor 11:3; Mat 6:22). Na verdade “Ao contrário de pessoas duplas, aqueles que dividem o coração, aqueles que são simples, não tem outra preocupação que não seja fazer a vontade de Deus e observar Seus preceitos; sua existência é uma expressão de compaixão e retidão”. 3

A simplicidade, sendo um total dar-se a si mesmo ao Senhor e à Sua vontade, está expressa na maneira como agimos e como nos adornamos. Jóias funcionais devem revelar que o centro de nossas vidas está na nossa aliança com o Senhor e não em nossa própria ostentação. Um coração não dividido mostrará sua total lealdade ao Salvador através de um estilo de vida dedicado ao Seu serviço e ao próximo. O princípio da simplicidade na escolha de jóias funcionais, então, significa que estas peças devem testificar que vivemos uma vida irrepreensível e despretensiosa, exclusivamente orientada para nosso Salvador e Senhor. Isto é sem dúvida a singeleza de um coração simples. 4


A palavra “modéstia” é usada por Paulo em sua discussão a respeito de adereços próprios aos cristãos (1Tim 2:9), e significa o respeito próprio determinado por uma vida que agrada ao Senhor. Conseqüentemente leva a evitar excessos ou extremos e reconhece e aceita os limites do que é propício. O que é propício não é simplesmente o que a sociedade estabeleceu, mas basicamente o que foi especificado nas instruções dadas pelos apóstolos para a comunidade dos crentes.Quando as instruções dadas aos cristãos coincidem com os valores da sociedade, a igreja é beneficiada, pois seus valores não entrarão em conflito com os valores dos não crentes. Em resumo, jóias funcionais modestas evitam chamar a atenção para o eu, e são leais aos parâmetros cristãos do que é propício.

O termo “economia” é difícil de ser definido, porque é diferente para cada pessoa. O que custa barato pode, em longo prazo se tornar caro e o que custa caro pode ser mais econômico. Nos textos bíblicos referentes a jóias, o princípio da economia não é enfatizado. Entretanto, a Bíblia nos orienta diligentemente sobre a mordomia concernente a nossos recursos financeiros e sobre como temos que dar conta deles a Deus. 5 No caso de jóias funcionais “economia “provavelmente significa que a partir do momento em que jóias caras geralmente tendem a ser para ostentação, temos que evitar compra-las, e que investir grandes somas de dinheiro no que é, sob ponto de vista bíblico, de pequeno valor para a vida cristã, viola nossa responsabilidade de mordomos do Senhor.



3. SÍMBOLO DE STATUS SOCIAL
Usar jóias como símbolo de status social e poder é em poucos casos tolerado na Bíblia, e em outros casos, reprovado. Este fenômeno deve nos alertar a sermos cuidadosos ao lidarmos com esta função particular das jóias na igreja. Aqui nos deparamos com uma situação na qual a prática cultural ao redor do mundo tem grande influência no que for decidido pela igreja. Por exemplo, oficiais militares usualmente expõem insígnias e medalhas que identificam suas patentes e atos de bravura. Esta é uma prática cultural bem aceita e a igreja pode considerar este tipo de jóia como funcional. Outro exemplo: o anel de formatura parece apenas servir para mostrar nossa superioridade sobre outros que, por inúmeras razões, não alcançaram o mesmo que nós, academicamente. É esta uma jóia funcional propícia? Provavelmente não. Mas talvez, o princípio que nos governa seja que qualquer atitude, símbolo ou ação que introduza distinções sociais desnecessárias entre os cristãos deve ser avaliada cuidadosamente e sempre que possível deposta aos pés da cruz de Cristo, onde há igualdade de pecados e de graça. A ênfase deve ser colocada no que une e não no que separa. 

4. PRINCÍPIOS VERSUS PADRÕES
Os padrões a respeito das jóias (rejeição de jóias ornamentais; uso restrito de jóias funcionais) e os princípios que as regulam (simplicidade, modéstia e economia), tem relevância permanente no tempo e na cultura. Estes princípios podem e devem ser usados para determinar o que é apropriado com respeito ao uso de jóias funcionais. Neste caso particular, a igreja não deve fazer listas do que é ou não apropriado, mas deve guiar e permitir aos seus membros, sob a direção do Espírito Santo, a aplicar os princípios bíblicos a cada diferente cultura. Temos que reconhecer que há determinadas áreas na vida cristã em que o indivíduo deve decidir o que fazer, particularmente com seu Deus. Isto é na verdade um sinal de maturidade espiritual. É possível e até provável que muitos usarão erroneamente esta liberdade, mas isto não é desculpa para negar a liberdade dada a nós pela própria Bíblia.

B. PERIGOS ASSOCIADOS AOS PADRÕES SOBRE JÓIAS
Qualquer padrão pode ser mal interpretado ou mal aplicado, perdendo seu objetivo de contribuir para o bem estar do cristão. O padrão bíblico sobre jóias não é exceção. Exploraremos agora alguns perigos que encontraremos ao enfatizarmos a aceitação do padrão cristão a respeito das jóias, e daremos algumas sugestões a respeito de como lidar com eles em nossas vidas.

1. PECADO E O USO DE JÓIAS
Não há dúvidas de que de acordo com a Bíblia pecado é muito mais do que uma ação que vem a prejudicar o próprio indivíduo ou a outros. Pecado é a condição sob a qual existimos; ele corrompeu nossa natureza a tal ponto que o que quer que façamos precisa ser mediado através de Cristo para ser aceito por Deus. Nenhuma de nossas ações seja “boa” ou “má” está livre da mancha do pecado. Podemos dizer que o pecado precede as ações pecaminosas. Este estado pecaminoso em que existimos não será erradicado até aquela gloriosa manifestação de segunda vinda de Jesus.

Enquanto isso, o Espírito de Deus trabalha em nossos corações, não permitindo que nossa natureza de pecado tome as rédeas de nosso ser e nos leve a um comportamento pecaminoso. O domínio do pecado sobre nós é intensificado e fortificado através de nossos atos pecaminosos. Não seria banalizar o pecado defini-lo como atos cometidos contra a vontade de Deus  que nos prejudicam e, em muitos casos, a outros. Pecado é matar alguém, roubar e trabalhar durante as horas do sábado, porque nestes atos pecaminosos está implícito o domínio que o pecado tem sobre nós. Superar estes atos de pecado significa vencer o pecado como ação e também como estado. Esta é a vitória que o Senhor deseja para nós.

O fato de que o padrão a respeito das jóias envolve atitudes exteriores não banaliza o pecado6, ao contrário, nos informa como o Espírito pode limitar o poder, domínio e incrustação do pecado em nossas vidas. Pode se dizer que a obediência específica aos mandamentos de Deus é proclamar a soberania Dele em nossas vidas. Isto obviamente não significa que nossa natureza está para sempre livre do pecado; mas  sim que estamos aguardando com alegria o dia em que isso acontecerá.

2. LEGALISMO E JÓIAS
O perigo mais ameaçador que os que valorizam a obediência à lei de Deus e aos ensinamentos bíblicos têm que enfrentar é o legalismo. Este distorce a obediência criando uma religião monstruosa que destrói a essência da mensagem cristã  de salvação exclusivamente em Cristo, e neste processo cultiva o orgulho no indivíduo. Esta ameaça é encontrada
não só pelos que aceitam o padrão bíblico sobre as jóias, mas também por qualquer um que procura obedecer ao Senhor. No caso das jóias, uma remoção legalista das jóias ornamentais e o uso das jóias funcionais simples, modestas e econômicas, destroem os intentos do padrão, porque ao invés da humildade e do negar-se a si mesmo, vem o egoísmo e o orgulho.

O legalismo vem sempre acompanhado da crítica. No caso do uso das jóias, aqueles que aceitam o padrão bíblico, podem ser tentados a se sentirem superiores àqueles que ainda têm dúvidas a respeito. Obviamente, isto também se aplica à observância do sábado, devolução dos dízimos ou trabalho missionário. Então, não se trata simplesmente de jóias, mas da fraqueza do coração humano, que às vezes transforma o que seria obediência a Deus em orgulho e exaltação própria. É necessário estar ciente do fato de que a obediência genuína é uma humilde expressão de gratidão ao nosso Salvador e Senhor pelo que fez por nós na cruz. Nossa obediência é uma oferta de amor a Deus e Ele não espera que comparemos o que ofertamos a Ele com o que outros estão ofertando.Quando tentamos ajudar a outros na vida cristã, temos que mostrar amor e não condenação e rejeição.

3. PRINCÍPIOS, JÓIAS, CASAS, CARROS?
Não há dúvida de que os princípios de simplicidade, modéstia e economia se estendem além da esfera de adereços e vestimenta pessoal. Devemos procurar aplica-los na maior abrangência possível em toda a dimensão da nossa caminhada com Deus. Talvez, por vezes a igreja tenha, não intencionalmente, tido a tendência de aplica-los somente na área de adereços e vestimenta. Se este for o caso, o apelo à igreja é para que expanda a aplicação desses princípios para vários outros aspectos da vida cristã.   Nesta tarefa, ela deve ter muito cuidado para não criar novos padrões que irão colocar fardos nos ombros de seus membros.

Ninguém pode esperar  que a igreja decida por seus membros qual é o carro modesto e econômico, a casa modesta ou o relógio simples. Nesta área a igreja deverá apenas ensinar os princípios cristãos e confiar que seus membros os usarão sabiamente ao tomarem suas decisões diárias. A pergunta óbvia é: Por que então não podemos fazer o mesmo em se tratando de jóias ornamentais? A resposta é simples: A Bíblia nos mostra um padrão específico a este respeito, conseqüentemente, a igreja tem que ensina-lo. Nas áreas em que a Bíblia esclarece o assunto, não podemos ignorar sua sabedoria, mas sim aproveita-la. No que concerne a outras áreas, devemos deixar que o Espírito Santo trabalhe nos corações daqueles que dizem viver uma vida que agrada a Deus.

4. GÊNERO E O USO DE JÓIAS
Tem havido uma tendência na igreja de ligar o assunto do uso de jóias exclusivamente aos membros do sexo feminino. Isto é até certo ponto compreensível, se levarmos em consideração o fato de que até recentemente a maioria das jóias ornamentais no mundo ocidental eram usadas  principalmente por mulheres, e que algumas das passagens bíblicas foram direcionadas especificamente para elas. Mas está claro que o caso das jóias nos tempos bíblicos concerne a ambos os gêneros e que hoje as jóias tem sido usadas tanto por homens quanto por mulheres. Então não devemos lidar com este tópico como se fosse um problema feminino, mas encara-lo como realmente é, um impasse humano.

C. CONCLUSÃO
O assunto sobre as jóias não deve desviar nossa atenção das boas novas de salvação através da fé em Jesus. É no contexto do evangelho que devemos ensinar os padrões bíblicos sobre as jóias; de outra forma cairemos na armadilha do legalismo ou da crítica. Nestes ensinamentos devemos mostrar claramente que jóias ornamentais devem ser rejeitadas, mas as funcionais não. Às vezes pode se tornar difícil fazer a distinção entre os 2 tipos, mas geralmente não é o caso.

As jóias funcionais podem ser facilmente identificadas na maioria das culturas, então devemos permitir que a prática cultural nos informe. Em outras palavras, jóias funcionais não são definidas por desejos pessoais, mas por crenças e práticas culturais respeitáveis. A igreja precisa reconhecer, por exemplo, que em algumas culturas o colar é usado para indicar que a mulher que o está usando é casada; enquanto em outras culturas ele é um simples adorno. Na primeira situação, o colar é aceitável, mas na segunda deve ser rejeitado. Na escolha das jóias funcionais os cristãos devem seguir os princípios bíblicos de simplicidade, modéstia e economia.

Este apanhado sobre a questão das jóias está baseado no fato de que a Bíblia combina um padrão específico (rejeição de jóias ornamentais e uso restrito de jóias funcionais) com uma série de princípios a serem utilizados na escolha das jóias funcionais. Para que a igreja permaneça fiel às escrituras é necessário que ambos sejam ensinados.

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1 veja apêndice I - Texto presente no manual da IASD
2 Consulte Otto Bauernfeind, “Haplous, haplotes,” Theological Dictionary of the  NT, vol. 1, pp. 386,  387; R.L.
Scheef, : Simplicidade,”Interpreter’s Dictionary of the Bible, vol.4,pp 360,361, escreve, ”No NT a palavra primitiva para ‘simplicidade’ é haplotes, a qual caracteristicamente designa uma lealdade, pureza  na devoção a Cristo; mas o termo também significa ‘pureza de coração’ no sentido de’ generosidade’ ou ‘liberalidade’” (p. 360); Burkhard Gartner, “simplicidade, sinceridade, justiça,” New International Dictionary of  NT theology, vol. 3, pp 371-72; e Tim Schramm, “Haplotes  simplicidade, sinceridade,  justiça,”Exegetical Dictionary of the  NT, vol.1, pp. 123-24.
3 Spicq, “Haplotes,” Lexicon, vol.1, p. 170.
4 Scriven, “Ring,” p.58, define simplicidade como “a habilidade de lidar com a usura, superar a extravagância, viver sem ostentação  que apenas aprofunda a dor do pobre o qual não pode comprar o que ostentamos. Simplicidade é a pessoa interior, e não a exterior; é a preocupação com os outros, e não consigo mesmo.” Apesar de existir bastante verdade nisto, sua maior fraqueza é que a simplicidade é definida por termos que rejeita e não por termos que ela é. Simplicidade é fundamentalmente a integridade comprometida com Deus, e conseqüentemente uma vida que mostra este compromisso na maneira em que lidamos com nossas posses , recursos financeiros e adereços pessoais. Scriven  parece, talvez intencionalmente, introduzir uma divisão entre o interior e o exterior quando sugere  que a simplicidade está centralizada  no interior e não no exterior do indivíduo. Segundo a Bíblia, simplicidade não é apenas uma experiência interna, mas também se mostra no exterior.
5 ver, Angel Manuel Rodriguez, Stewardship Roots: Toward a theology of  Stewardship, Tithe and Offerings ( Silver  Spring, M D: Stewardship Department, 1994)
6 Este é um argumento usado por  Dennis H. Braun , A Seminar on Adventists, Adornment and Jewelry, pp. 50-51, o qual foi tirado do livro de George Knight, The Pharisee’s  Guide to Perfect Holiness ( Nampa, ID: Pacific Press< 1992), p. 51.

 


Associação  Geral da Igreja Adventista do Sétimo Dia

Ações gerais   de 14-29 de outubro de 1972, Cidade de México, México, 

Os Adventistas e Jóias.     

COMPLEMENTOS E ADORNOS
A filosofia básica dos padrões Cristãos como entendido pela Igreja Adventista do Sétimo Dia, está adiante fixado na página 221 do Manual  da Igreja (edição 1971):  

" Erguendo-se entre os perigos dos últimos dias, diante do julgamento que culminará no estabelecimento da justiça universal, e suportando a responsabilidade de levar a última oferta de salvação rapidamente para o mundo, nos apresentemos com verdadeiro coração consagrando-nos   para Deus, corpo, alma, e espírito e determinados a manter os altos padrões de viver os quais tem que caracterizar esses que esperam pelo retorno do Senhor "

Na luz da declaração acima, o que tem uma relação pessoal e amorosa com o Cristo auto-sacrificado, se privará do uso de jóias e todos os adornos que dão evidência de orgulho e não estão de acordo com os princípios Cristãos de humildade, abnegação e sacrifício.  Cristo adornará o coração e a vida com virtudes Cristãs, e ele atenderá à deliberação apresentada em 1 Timóteo  2:9, 10, alegremente, o qual, enquanto especificamente se dirigiu às mulheres, contém princípios aplicáveis para todos os cristãos:   " Mulheres têm que vestir novamente de maneira vistosa, modestamente e sobriamente, não com estilos de cabelo elaborados, não com enfeites feitos com ouro ou pérolas, ou roupas caras, mas com ações boas, como servem as mulheres que reivindicam ser religiosas ". (NEB)  
Pedro enuncia ideais semelhantes em 1 Pedro 3:3, 4, que " Sua beleza deveria residir, não em externo adorno ou trançado de cabelo, ou jóias, ou vestido-mas no centro íntimo de seu ser, com seu ornamento imperecível, um espírito gentil, quieto que é de valor alto à vista de Deus ". (NEB)  
Estes princípios são resumidos em Testemunhos, Vol. 3, página 366,:  
O vestir claramente se priva de exibição de jóias e ornamentos de todo tipo e está de acordo com nossa fé ".  
A declaração seguinte adaptada da Reunião da Primavera da Conferência Geral (1 de abril de 1971) mais adiante amplia a filosofia básica da IASD em seus padrões Cristãos.  
" De acordo com o plano divino a igreja remanescente tem de  se separar do mundo como única maneira de desenvolver seu papel sem igual de preparar as pessoas para o encontro com o Senhor. Como a grande controvérsia entre Cristo e o Satanás vem a seu clímax, as forças do mal atacarão a igreja e seus padrões.  
" Se a igreja segue o baixo padrão do mundo em tais questões como vestuário, música, leitura; comendo, bebendo, ou em recreação, será separada do canal de poder divino.  ' Os seguidores de Cristo devem  buscar melhorar o nível moral do mundo, debaixo da influência do impartation do Espírito de Deus.  Eles não devem descer ao nível do mundo e pensar que fazendo isto eles o enaltecerão. Em palavras, em vestido, em espírito, em tudo, há ser uma distinção marcada entre os cristãos e os mundanos.  Esta distinção tem uma influência convincente aos mundanos. Eles vêem que os filhos e filhas do Senhor se separam do mundo, e que o Senhor os amarra com Ele. . . Quem está disposto ser elevado ao nível mais alto? ' -E. G. White, Que eu Possa Conhece-lo, pág. 305,

" Os Cristãos Adventistas do Sétimo Dia então sob a obrigação de  estudar cuidadosamente  a sua  conduta, aparecia pessoal, e atitudes  para atingir ao nível mais alto do viver.  Nestes dias de extremos de conformidade e inconformidade, cada indivíduo pode achar no Livro-guia a Bíblia e os escritos de Ellen G. White, uma compreensão clara dos padrões de vida que refletirão o Salvador, corretamente.  
" Enquanto nós reconhecemos que a qualidade do Cristianismo de um indivíduo não pode ser medida somente através de criterios externos, nós sabemos que a aparencia externa dele revelará qualquer conformidade para com o mundo ou para com a Palavra.  ' A aparência externa é um indicador do que está no coração. ' -Ibid, pág. 312.
 O Cristão Adventista do Sétimo Dia se esforçará para alcançar o padrão fixado pela Palavra.  Ele reconhecerá que a verdadeira conformidade com a  Palavra será revelada por uma transformação progressiva de vida baseado em uma profunda e  duradoura relação com Cristo. 
Compartilhando a vida de Cristo ele vem aceitar um estilo de vida diferente que envolve a pessoa inteira dele.  Ele dará evidência disto pela conduta dele, aparência pessoal, e as atitudes.
'não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação de vossa mente, para que experimenteis qual seja a perfeita e agradável vontade de Deus. ' (romanos 12:2, NEB).  
    " Porque a família é uma unidade por Deus designada, nós acreditamos que um estilo de vida Cristão nasce melhor e é nutrido na colocação familiar onde as crianças cedo aprendem aquele verdadeiro amor, onde se  encoraja a obediência disposta e o autocontrole.  Crescimento físico é acompanhado então, através de compromisso ao modo Cristão de vida, desenvolvimento de caráter, e aceitação de ideais Bíblicos ".  

Em base de tal deliberação com respeito à Aparência Cristã e aos Adornos,  

VOTADO  
1. que deveriam ser aplicados os princípios de abnegação, economia, e simplicidade a todas as áreas de vida para nossas pessoas, nossas casas, nossas igrejas, e nossas instituições.  
2. que na área de colares de adorno pessoais, brinco, pulseiras, anéis ornamentais adornados com jóias e outros * não deveria ser usado.  Artigos como relógios ornamentais, broches, abotoaduras, etc., deveriam ser escolhidos em harmonia com os princípios Cristãos de simplicidade, modéstia e economia.      
3. que nossos pastores, evangelistas, e instrutores de Bíblia apresentem completamente aos candidatos para batismo os princípios da Bíblia relativos a exibição e adorno; mostrem os perigos de se apegar a costumes e práticas que podem ser hostis ao desenvolvimento espiritual; apresente as reivindicações do evangelho à consciência dos candidatos e encoraje-os ao auto-exame cuidadoso relativo aos motivos envolvidos nas decisões que devem ser tomadas; e familiarizem o candidato com a orientação inspirada dada por Ellen G. White.  
Como Adventistas do Sétimo Dia  nós acreditamos no sacerdócio de todos os crentes.  Cada alma tem acesso direto a Deus por Cristo, e é responsável pela vida e testemunha dEle.  A condição espiritual da igreja é basicamente a soma da experiência espiritual de cada indivíduo.  Nós urgimos para todos nossos membros que confiem a si mesmos, sinceramente aos princípios acima
apresentados.
Além disto, e por causa das oportunidades especiais que repousam sobre a  liderança, para ajudar a igreja a alcançar seu potencial cheio de poder espiritual, nós esperamos de nosso administradores de igreja, ministros e as suas esposas, professores, e demais  obreiros adventistas do sétimo dia que apóiem estes princípios fortemente pelo seu testemunho público e exemplo.  
Nesta hora final da história de terra, a igreja não deve abaixar seus padrões, tem que toldar sua identidade, ou tem que amortizar sua testemunha, mas deve com ênfase renovada dar forte apoio aos padrões e princípios que distinguiram a igreja remanescente ao longo de sua história e a mantiveram separada do mundo.  

* " Em alguns países o costume de usar o anel de matrimônio é considerado imperativo, depois de ter se tornado nas mentes das pessoas, um critério de virtude, e conseqüentemente não é considerado como um ornamento.  Debaixo de tais circunstâncias nós não temos nenhuma disposição para condenar a prática ". Manual da Igreja, 1971 edição, pág. 212. 

Ver Manual da Igreja, Edição de 1995, pág. 149-151.

 



USO DE COMPLEMENTOS

Introdução
Nesta época de inversão de valores, a palavra “vaidade” vem mudando de significado e passando cada vez mais a soar como sinônimo de elegância, bom gosto ou beleza. “Sensualidade” é outro termo em franca transição.
Modéstia e simplicidade, porém, são virtudes cristãs que se manifestam em princípios de procedimento e estilo de vida.
Falar de princípios é sempre mais gratificante e enriquecedor do que esboçar opiniões em torno de regras humanamente arquitetadas. Ainda mais, quando estes princípios têm base bíblica e apoio nos escritos do Espírito de Profecia.
Contexto Bíblico
            Encontramos na Bíblia, Deus chamando freqüentemente Seu povo ao arrependimento, para abandonar os costumes do mundo e voltar para Ele, a fonte de todas as virtudes, entre elas, a simplicidade e a modéstia.
            Em Ezequiel 23:38 a 43, Deus, simbolicamente, representa Seu povo em apostasia como uma mulher. “Ela” profanou o sábado, praticou idolatria, chamou amantes e por eles pintou os olhos e colocou enfeites; os beberrões do deserto lhe deram braceletes e diademas para a cabeça e adulteraram. Mesmo tratando-se de um relato simbólico, ensina algo sobre o uso de pinturas e jóias no Antigo Testamento. A origem dessa prática é pagã e seu uso é vinculado à apostasia, idolatria e adultério.
“Ainda isto me fizeram: no mesmo dia contaminaram o meu santuário e profanaram os meus sábados. Pois, havendo sacrificado seus filhos aos ídolos, vieram, no mesmo dia, ao meu santuário para o profanarem; e assim o fizeram no meio da minha casa.  E mais ainda: mandaram vir uns homens de longe; fora-lhes enviado um mensageiro, e eis que vieram; por amor deles, te banhaste, coloriste os olhos e te ornaste de enfeites; e te assentaste num suntuoso leito, diante do qual se achava mesa preparada, sobre que puseste o meu incenso e o meu óleo.  Com ela se ouvia a voz de muita gente que folgava; com homens de classe baixa foram trazidos do deserto uns bêbados, que puseram braceletes nas mãos delas e, na cabeça, coroas formosas.  Então, disse eu da envelhecida em adultérios: continuará ela em suas prostituições?”

            Em Isaias 3:16 a 26, o profeta descreve como cessariam todas as ostentações e vaidades de origem pagã e como Jerusalém seria tomada e punida por exércitos estrangeiros devido à vaidade excessiva. Menciona-se entre outros, o uso de braceletes, pendentes e anéis. Alguns utensílios são de uso condenável por serem de origem decididamente pagã e de uso puramente vaidoso.
“Diz ainda mais o SENHOR: Visto que são altivas as filhas de Sião e andam de pescoço emproado, de olhares impudentes, andam a passos curtos, fazendo tinir os ornamentos de seus pés, o Senhor fará tinhosa a cabeça das filhas de Sião, o SENHOR porá a descoberto as suas vergonhas.
 Naquele dia, tirará o Senhor o enfeite dos anéis dos tornozelos, e as toucas, e os ornamentos em forma de meia-lua; os pendentes, e os braceletes, e os véus esvoaçantes; os turbantes, as cadeiazinhas para os passos, as cintas, as caixinhas de perfumes e os amuletos; os sinetes e as jóias pendentes do nariz; os vestidos de festa, os mantos, os xales e as bolsas; os espelhos, as camisas finíssimas, os atavios de cabeça e os véus grandes.
Será que em lugar de perfume haverá podridão, e por cinta, corda; em lugar de encrespadura de cabelos, Calvície; e em lugar de veste suntuosa, cilício; e marca de fogo, em lugar de formosura. Os teus homens cairão à espada, e os teus valentes, na guerra. As suas portas chorarão e estarão de luto; Sião, desolada, se assentará em terra.”
Neste caso a apostasia do povo era tão intensa que se evidenciava inclusive no uso de complementos comuns e permitidos por Deus.

Em Oséias 2:13, Deus fala simbolicamente ao seu povo como a uma mulher em apostasia e declara a origem de seus enfeites: “ela está adornada com os pendentes de Baal”. - deus dos cananeus – “suas gargantilhas, e se esqueceu de Deus”.
“Castigá-la-ei pelos dias dos baalins, nos quais ela lhes queimava incenso, e se adornava com as suas arrecadas e as suas jóias, e, indo atrás dos seus amantes, se esquecia de mim, diz o Senhor”.

Um dos exemplos mais claros do apelo da Palavra de Deus à modéstia em detrimento do uso de complementos está em Gênesis 35:1-5:
 1 Disse Deus a Jacó: Levanta-te, sobe a Betel e habita ali; faze ali um altar ao Deus que te apareceu quando fugias da presença de Esaú, teu irmão.
 2  Então, disse Jacó à sua família e a todos os que com ele estavam: Lançai fora os deuses estranhos que há no vosso meio, purificai-vos e mudai as vossas vestes;
 3  levantemo-nos e subamos a Betel. Farei ali um altar ao Deus que me respondeu no dia da minha angústia e me acompanhou no caminho por onde andei.
 4  Então, deram a Jacó todos os deuses estrangeiros que tinham em mãos e as argolas que lhes pendiam das orelhas; e Jacó os escondeu debaixo do carvalho que está junto a Siquém.
 5  E, tendo eles partido, o terror de Deus invadiu as cidades que lhes eram circunvizinhas, e não perseguiram aos filhos de Jacó.
  Aí está um chamado de Deus para uma reconsagração; e para que isso se tornasse realidade era necessário que o povo deixasse os falsos deuses que se haviam infiltrado e as arrecadas (argolas) que estavam em suas orelhas. Só assim Deus os protegeria.
 O texto de II Reis 9:30 mostra a apóstata Jezabel pintando os olhos para seduzir – um costume dos sidônios – povo amaldiçoado por Deus por mérito de sua imoralidade.
            Em síntese: toda vez que surgia a idolatria ou egolatria, os enfeites e complementos estavam também presentes na vida do povo. Toda vez que havia um reavivamento e reconsagração deixava-se esses elementos e voltava-se à modéstia e simplicidade.
            Lembremos que não raras vezes as jóias e metais preciosos são usados na bíblia como sinais de fausto e riqueza, condecoração ou fartura; não, porém, como indumentária dos fiéis.
Em sua Primeira Epístola Universal, diz São Pedro no capitulo 3:1-5 que as mulheres modestas e simples no vestir, sem ouro nem pedras preciosas ou frizado de cabelo ou vestidos especiais, ganhariam seus maridos para a verdade pelo exemplo e sem palavras. Assim, diz ele, fizeram as santas mulheres do passado, e esse é o exemplo que Deus aprecia.
“O apóstolo exorta as mulheres cristãs a manterem vida pura e serem modestas no traje e no comportamento. “O enfeite delas”, aconselhou, “não seja o exterior, no frisado dos cabelos, no uso de jóias de ouro; na compostura de vestidos; mas o homem encoberto no coração; no incorruptível traje de um espírito manso e quieto, que é precioso diante de Deus” . A lição se aplica aos crentes em todas as eras. “Pelos seus frutos os conhecereis..” Mat. 7:20. O adorno interior de um espírito manso e quieto é inestimável. Na vida do verdadeiro cristão o adorno externo está sempre em harmonia com a paz e a santidade internas. “Se alguém quiser vir após Mim”, disse Jesus, “renuncie-se a si mesmo, tome sobre si a sua cruz, e siga-Me”. Mat. 16:24. O sacrifício e a negação do eu assinalarão a vida do cristão. E a evidência de que o gosto está mudado será vista no vestuário de todo aquele que anda na vereda aberta para os redimidos do Senhor.
É justo amar o belo e desejá-lo; mas Deus deseja que primeiro amemos e busquemos a beleza do alto, que é imperecível. Nenhum adorno externo se compara em valor ou amabilidade com “um espírito manso e quieto”, o “linho fino, branco e puro” (Apoc. 19:14), que todos os santos da Terra usarão. Essa os fará belos e amados aqui, e será depois sua senha para admissão ao palácio do Rei. Sua promessa é: “Comigo andarão de branco; porquanto são dignas disso”. Apoc. 3:4. E.G.White, Atos dos Apóstolos, 523.

            Já São Paulo em I Tim. 2:9, 10 declara que as mulheres não devem usar ouro, perolas ou roupas de ostentação e usa a palavra “decência”, uma referencia às roupas decentes, sem exploração da sensualidade.
“Quero, do mesmo modo, que as mulheres se ataviem com traje decoroso, com modéstia e sobriedade, não com tranças, ou com ouro, ou pérolas, ou vestidos custosos, mas (como convém a mulheres que fazem profissão de servir a Deus) com boas obras”.

Este é um claro “Assim diz o Senhor”, um tocante apelo à modéstia e à sã moralidade para serem resguardadas e praticadas na maneira de se apresentar das mulheres e moças cristãs.
           
Quanto ao argumento de que algumas passagens bíblicas parecem favorecer ao uso de jóias ou outro tipo de complemento, entendemos que é fundamental neste caso, aplicar alguns princípios de interpretação bíblica; os quais afirmam que a Bíblia não se contradiz. Não é possível que o mesmo Deus que desaconselha uma prática numa passagem, a sancione noutra. Esses textos usados como que favorecendo o uso de tais complementos devem ser analisados dentro de seu contexto mais amplo para que se possa descobrir, de fato, que tipo de complemento ou ocasião está realmente em foco. Isso porque os textos que desaconselham o uso de tais complementos, mesmo confrontados com seu respectivo contexto mantêm o princípio da modéstia e simplicidade como a grande verdade central, sendo, portanto, inquestionáveis.

A revelação da verdade é progressiva. Este é outro fator de grande importância quando o que está em jogo é a interpretação de verdades atuais em relação com situações vividas no passado. Progressivamente Deus tem acrescentado verdade a verdade e formando um cabedal de conhecimento de forma a permitir que o ser humano se adapte passo a passo à Sua vontade completa. Em decorrência disso é que tudo faz pensar que Deus suportou algumas linhas de procedimento (como a poligamia, a escravidão, o exacerbado machismo judaico, entre outros), respeitando fatores culturais, locais e temporais, que, porem, não representavam completamente Seu plano para a vida e experiência humanas.

Contexto Histórico
Em referencia às tranças mencionadas no texto; era moda das matronas gregas e romanas, que usavam jóias e placas de ouro trançadas entre os cabelos. O cúmulo da ostentação quando a maioria do povo não dispunha nem mesmo do que comer. Alem disso a vaidade era tanta e o trançado tão ridículo que um escritor da época - Juvenal -  fez uma sátira zombando de tais tranças.
Clemente de Alexandria em sua obra PAI III e XI diz que as mulheres temiam dormir para não desmanchar o trançado que lhes custara tão caro à mão do cabeleireiro.
Em seu livro História da Civilização Will Durant registra a oposição da igreja cristã às praticas pagãs:
“As mulheres evitavam cosméticos e jóias e, sobretudo cabelos postiços”.Pág. 74 tomo I.
“A igreja proibiu aos seus fiéis a freqüência aos teatros, circos, e também que tomassem parte nas atividades pagãs.”
“Eram condenadas a avareza, a desonestidade, o rouge, os cabelos tingidos, as pálpebras pintadas, a bebedeira, o adultério, etc”.  Tomo II págs. 276, 277.
Tertuliano, um dos pioneiros do cristianismo apostólico, e que viveu no quarto século AD. Escreveu: “Vesti-vos com a seda da honestidade, com o linho fino da santidade e com a púrpura da castidade. Assim adornadas Deus será vosso amigo”. [Trechos extraídos da apostila do Pr. Demóstenes Neves]

Conselhos do Espírito de Profecia
 “O vestuário extravagante, a exibição de correntes de ouro e rendas aparatosas, é uma clara indicação de cabeça fraca e coração orgulhoso”.Mensagens Escolhidas, v. 3, pág. 244
“Uma irmã que passara algumas semanas numa de nossas instituições em Battle Creek disse ter ficado muito decepcionada com o que ela viu e ouviu ali.
Antes de aceitar a verdade, ela seguira as modas do mundo em seu vestuário e usara jóias de alto preço e outros ornamentos; mas, ao decidir obedecer à Palavra de Deus, achou que seus ensinos requeriam que abandonasse todo o adorno extravagante e supérfluo. Foi-lhe ensinado que os Adventistas do Sétimo Dia não usavam jóias, ouro, prata ou pedras preciosas, e que não se sujeitavam às modas mundanas em seu vestuário.
Quando ela viu entre os que professavam a fé, tão amplo afastamento da simplicidade bíblica, ficou perplexa.
A Sra. D., uma senhora que ocupava um cargo na instituição, estava de visita no quarto da irmã _____, certo dia, quando esta ultima tirou de sua mala um colar e uma corrente de ouro e disse que queria vender essas jóias e colocar o dinheiro obtido na tesouraria do Senhor. Disse a outra: ‘Por que pretende vendê-lo? Eu o usaria se fosse meu.’ ‘Ora – replicou a irmã _____ - quando aceitei a verdade, foi-me mostrado que todas essas coisas precisam ser abandonadas. Certamente são contrárias aos ensinos da Palavra de Deus.’ E ela citou para sua ouvinte as palavras dos apóstolos Paulo e Pedro a respeito desse ponto.”[I Tim. 2:9, 10 e I Pedro 3:1-5].
“Como resposta, a senhora mostrou um anel de ouro no seu dedo, que fora dado por uma pessoa descrente, e disse que não via mal algum em usar tais ornamentos. ‘Não somos tão meticulosos – disse ela – como antigamente. Nosso povo foi demasiado escrupuloso em suas opiniões sobre o assunto do vestuário. As senhoras desta instituicao usam relógios de ouro e correntes de ouro, e se vestem como as outras pessoas. Não é um bom plano de ação ser singular em nosso vestuário; pois não poderemos exercer tanta influencia.’”.
“Perguntamos: [diz a Sra. White] Isso esta de acordo com os ensinos de Cristo? Devemos seguir a Palavra de Deus ou os ensinos do mundo? Nossa irmã decidiu que era mais seguro aderir à norma da Bíblia. Será que a Sra. D. e outras pessoas que seguem um procedimento similar se deleitarão em encontrar o resultado de sua influencia naquele dia em que cada um receberá de acordo com as suas obras?”.
“A Palavra de Deus é clara. Seus ensinos não podem ser mal-interpretados. Obedeceremos a ela, assim como Ele no-la deu, ou procuraremos descobrir até onde podemos afastar-nos e ainda ser salvos?”
E.G.White, Mensagens Escolhidas, vol. 3, pág. 246, 247

Conclusão
É claro que o bom gosto, asseio, combinação de cores, o agasalhamento dos membros e a beleza devem integrar o porte feminino, mas a mulher cristã não lançará mão de artigos que distinguem descrentes e que Deus condena.

Em nossas igrejas espera-se que não se faça uso de jóias, brincos, colares, pulseiras, braceletes, pinturas diversas, especialmente roupas decotadas e insinuantes que mais se ajusta ao modo de vida e filosofia mundanas. A modéstia e decência devem marcar o vestir do homem e mulher cristãos.
            Não apenas os artigos de complemento, mas também as peças do vestuário básico podem ser usadas com vaidosas intenções a ponto de se promover a ostentação pessoal. 
No caso das peças do vestuário básico cabe a cada um exercer a modéstia cristã equilibrada com o bom senso e o bom gosto.
O que parece muito claro tanto no contexto bíblico quanto do Espírito de Profecia é que o uso de complementos como anéis, pulseiras, correntes, gargantilhas, argolas, etc. são claras manifestações de ostentação pessoal. São enfeites sem nenhuma outra função prática, diferente do caso dos cintos, gravatas, alianças, prendedores de cabelo, broches, entre outros.
Se alguém toma um complemento que tem uma finalidade prática real (como cintos, alianças, prendedores de cabelo, broches), e os usa de maneira a ferir o princípio da modéstia, esse procedimento ficará sob a responsabilidade pessoal de quem o faz. Diferente disso é quando alguém escolhe usar um complemento que não tem nenhum propósito pratico em seu uso (como anéis, pulseiras, correntes, gargantilhas, argolas, etc). Neste caso se configura um caso claro de quebra do princípio da modéstia. O que deve ser evitado por aqueles que decidiram adotar a vida cristã como estilo pessoal; os que têm a Cristo como seu modelo.



Pr. Edinaldo Juarez  - Maio/2000