União em jugo desigual


Um estudo das orientações da Bíblia e do Espírito de Profecia.
Pr. Edinaldo Juarez, organizador.

Um Conselho Muito Claro.
“Nestes dias de perigo e corrupção, os jovens acham-se expostos a muitas provações e tentações. Muitos estão a navegar num porto perigoso. Precisam de um piloto; mas desdenham receber o muito necessitado auxílio, julgando que são competentes para dirigir seu próprio barco, e não reconhecendo que ele está prestes a dar num recife oculto, o qual lhes poderá causar o naufrágio da fé e da felicidade. Estão envaidecidos com o assunto do namoro e do casamento, e sua principal preocupação é conseguirem o seu próprio desejo.”  Mensagens aos Jovens, 443.



Compreendemos, que de forma muito clara, tudo que é dito neste material a respeito do casamento, no contexto do perigo da relação adventista/não-adventista, se aplica ao namoro. Isso porque a relação de namoro também expõe os jovens à influencia um do outro, alem do fato de que em nossa cultura não seria natural consolidar um casamento sem o período inicial do namoro. Conclui-se que para evitar o casamento em jugo desigual, deve-se evitar o namoro nas mesmas condições.

“Pessoa alguma que tema a Deus, pode, sem perigo, ligar-se a outra que O não tema. ‘Andarão dois juntos se não estiverem de acordo?’Amós 3:3. A felicidade e prosperidade da relação matrimonial dependem da unidade dos cônjuges; mas entre o crente e o incrédulo há uma diferença radical de gostos, inclinações e propósitos. Estão a servir dois senhores entre os quais não pode haver concórdia. Por mais puros e corretos que sejam  os princípios de um, a influencia de um companheiro e companheira incrédula terá uma tendência  para afastar de Deus.
“A pessoa que entrou para a relação matrimonial quando ainda não convertida, coloca-se pela sua conversão sob uma obrigação maior de ser fiel ao consorte, por mais que difiram com respeito à fé religiosa; todavia, as reivindicações de Deus devem ser postas acima de toda a relação terrena, mesmo que provas e perseguições possam ser o resultado. Com espírito de amor e mansidão, esta fidelidade pode ter influência no sentido de ganhar o descrente. Mas o casamento de cristãos com ímpios é proibido na Bíblia. A instrução do Senhor é: “Não vos prendais a um jugo desigual com os infiéis.” II Cor. 6:14.
Que contraste entre o procedimento de Isaque e o que é praticado pelos jovens de nossos tempos, mesmo entre os professos cristãos! Os jovens mui freqüentemente acham que a entrega de suas afeições é uma questão na qual o eu apenas deveria ser consultado, questão esta que nem Deus nem os pais de qualquer modo deveriam dirigir. Muito antes de atingirem a idade de homens ou mulheres feitos, julgam-se competentes para fazerem sua escolha, sem o auxílio de seus pais. Alguns anos de vida conjugal são usualmente bastante para mostrar-lhes seu erro, mas muitas vezes demasiado tarde para impedir seus resultados funestos. Pela mesma falta de prudência e domínio próprio, que determinaram a escolha precipitada, dá-se ocasião a que o mal se agrave, até que a relação matrimonial se torne um jugo mortificante. Muitos assim fizeram naufragar sua felicidade nesta vida, e sua esperança da vida por vir.
Se há um assunto que deve ser cuidadosamente considerado, e no qual se deve procurar o conselho de pessoas mais velhas e experientes, é o do casamento; se a Bíblia já foi necessária como conselheira, se a direção divina em algum tempo deveria ser procurada em oração, é antes de dar um passo que liga pessoas entre si para toda a vida. Os pais nunca devem perder de vista sua responsabilidade pela felicidade futura de seus filhos.  E.G.White, Patriarcas e Profetas, pág. 175

“Os que professam a verdade espezinham a vontade de Deus desposando incrédulos; perdem-Lhe o favor, e fazem dura a obra do arrependimento. O incrédulo poderá ser dotado de excelente caráter moral; o fato, porém, de que ele ou ela não atendeu às reivindicações de Deus, e negligenciou tão grande salvação, é razão suficiente para que se não consume tal união.
Alega-se por vezes que o incrédulo é favorável à religião e é tudo quanto se poderia desejar para um companheiro, a não ser uma coisa: não ser cristão. [...] A noiva e o noivo preferiram-se um ao outro e despediram a Jesus”.
Testemunhos Seletos, vol. I, págs. 574, 575.

Uma União com Risco Eterno
“Prezada irmã: eu soube de teu planejado casamento com pessoa que não se te acha unida na fé religiosa, e receio que não tenhas pesado cuidadosamente esta importante questão. Antes de dar um passo que há de exercer influencia sobre toda a tua vida futura insto contigo para que deis ao caso cuidadoso estudo e oração. Demonstrar-se-á esse novo parentesco uma fonte de verdadeira felicidade? Ser-te-á um auxílio na vida cristã? Será agradável a Deus? Será teu exemplo de molde que possa ser seguido por outros?

“Que a mulher se entregue a Cristo antes de se entregar a qualquer amigo terreno, e não assuma nenhumas relações que entrem em atrito com isto”.
“Como uma pessoa que espera enfrentar essas palavras no juízo, eu te suplico que ponderes o passo que pretendes dar. Pergunta-te a ti mesma: ‘Não desviará um marido descrente os meus pensamentos de Jesus? Ele é amante dos prazeres mais do que amante de Deus; não me levará a apreciar as coisas de que gosta?”.

“Unires-te a um descrente é colocares-te no terreno de Satanás. Ofendes o Espírito de Deus e perdes Sua proteção. Podes sujeitar-te a tão terríveis desvantagens na peleja da batalha pela vida eterna?”.

“Lembra-te de que tens um céu a ganhar, e um caminho aberto para a perdição a evitar. Quando Deus diz uma coisa, quer dizer isso mesmo. [...] Se andarmos contrariamente a Deus, Ele andará contrariamente a nós. Nosso único procedimento seguro é prestar obediência a todas as suas ordens, sejam quais forem os custos. Todas as suas exigências se fundam em infinito amor e sabedoria”. Mensagens aos Jovens, 439-442

O Dever do Verdadeiro Cristão
“O crente faz então por Cristo um sacrifico que sua consciência aprovará, e que mostra que ele estima a vida eterna demasiado alto para correr o risco de perde-la. Sente que melhor lhe é permanecer solteiro do que ligar seus interesses por toda a vida com uma pessoa que prefere o mundo a Jesus, e que o buscaria levar para longe da cruz de Cristo”. Testemunhos Seletos, vol. I, pág. 576.

“A menos que o crente, mediante sua firme adesão aos princípios, conquiste o impenitente, há de, como é o mais comum, ficar desanimado, e vender seus princípios religiosos pela desvaliosa companhia de um ente que não tem ligação com o Céu. Deus proibiu rigorosamente o entrelaçamento, por alianças matrimoniais, de Seu povo com as outras nações”. Testemunhos Seletos, vol. I, págs. 577

São diversas as passagens bíblicas nas quais Deus condena severamente a associação de Seu povo com os incrédulos. E ninguém pense que é por meio do compromisso pessoal que haveremos de ganha-los para o Evangelho. Não e este o meio de evangelizar que Deus aprova.(Veja: Gen. 24:3; 28:1; Deut. 7:3; Jos. 23:12;
Esd. 9:12; Nee. 13:25).

O Dever dos Pais
“Se há um assunto que deve ser cuidadosamente considerado, e no qual se deve procurar o conselho de pessoas mais velhas e experientes, é o do casamento.; se a Bíblia já foi necessária como conselheira, se a direção divina em algum tempo deveria ser procurada em oração, é antes de dar um passo que liga pessoas entre si para toda a vida. Os pais nunca devem perder de vista sua responsabilidade pela felicidade futura de seus filhos.
Pais e mães devem sentir que se lhes impõe o dever de guiar as afeições dos jovens, a fim de que possam ser colocadas naqueles que hajam de ser companheiros convenientes. Devem sentir como seu dever, pelo seu próprio ensino e exemplo, com a graça auxiliadora de Deus, modelar de tal maneira o caráter de seus filhos desde os seus mais tenros anos que sejam puros e nobres, e sejam atraídos para o bem e para o verdadeiro. . E.G.White, Patriarcas e Profetas, pág. 175, 176

O Mau Exemplo de Sansão e Seus Pais

“Achando-se a cidade de Zorá próxima do território dos filisteus, Sansão veio a travar relações amistosas com eles. Assim, em sua mocidade surgiram camaradagens cuja influência lhe obscureceu toda a vida. Uma jovem que habitava na cidade filistéia de Timnata conquistou as afeições de Sansão, e ele decidiu fazer dela sua esposa. A seus pais tementes a Deus, que se esforçavam por dissuadi-lo de seu propósito, sua única resposta era: “Ela agrada aos meus olhos.” Juí. 14:3. Os pais finalmente cederam aos seus desejos, e realizou-se o casamento”. E.G.White, Patriarcas e Profetas, pág. 563

A Responsabilidade da Igreja

A Igreja tem o compromisso de desestimular esse tipo de relação, membro/não-membro. Cabe à liderança da igreja evitar que essa atitude se generalize e torne-se uma perigosa rotina os nossos jovens unirem-se em uma aventura não aprovada por Deus. Para evitar tal fatalidade, o membro envolvido deve ser afastado de toda participação publica na igreja a fim de que: [1] se possa exercer sobre ele bem como sobre os demais, a boa influencia no sentido de evitar uma reação coletiva na mesma direção. [2] para que seja minimizada a sua capacidade de influenciar os outros a seguirem pelo mesmo caminho.

É um direito inalienável da igreja, restringir seu espaço de liderança e de atuação em suas programações, exclusivamente aos membros que possam exercer somente uma boa influencia aos demais. O membro que esteja comprovadamente envolvido em qualquer relação ou procedimento que possa impedi-lo de exercer tal influencia deve ser recomendado a afastar-se de toda participação pública em seus cultos até que o assunto tenha sido resolvido a contento.

“Se, porém os pecados do povo são passados por alto por aqueles que se acham em posições de responsabilidade, o desagrado de Deus estará sobre eles, e Seu povo, como um corpo, será responsável por esses pecados [...]”.
Caso haja erros claros entre Seu povo, e os servos de Deus passem adiante, indiferentes a isso, estão, por assim dizer, apoiando e justificando o pecador, e são igualmente culpados, incorrendo tão certo quanto eles no desagrado de Deus; pois serão tidos como responsáveis pelos pecados do culpado. [...] Os que passaram por alto esses erros têm sido considerados pelo povo muito amáveis e de disposição benigna, simplesmente por haverem eles recuado do desempenho de um claro dever escriturístico. Essa tarefa não agradava a seus sentimentos; evitaram-na, portanto”. Testemunhos Seletos. v. 1, pág. 334, 335
“O Senhor exige muito cuidado da parte de seus seguidores no trato recíproco. Sua missão é elevar, restaurar e curar. Todavia cumpre não negligenciar a disciplina da igreja”. Test. Seletos, v. 3, pág.  201-204
“A maioria da igreja é um poder que deve reger seus membros individuais”. Testimonies, Vol. 5 pág. 107

Nota do Manual da igreja quanto à necessidade da igreja local consultar a Organização Superior (Associação/União).

“As igrejas devem volver-se para a Associação/Missão local em busca de conselhos a respeito do funcionamento da igreja ou de questões atinentes ao Manual da igreja. Se não houver mútuo entendimento, ou consenso, o assunto deve ser encaminhado à União para esclarecimento”.  Manual da Igreja, Pág. XX.

Esta nota significa que quando algum tema não for abordado claramente no manual, e a igreja se encontrar diante de alguma questão que divida as opiniões, ela deve buscar conselho junto à Organização Superior (Associação ou União). No caso do tema de namoro de adventista com não-adventista, já há um voto da mesa da União à disposição das igrejas que necessitarem de conselho e esclarecimento.

Consenso da Comissão Administrativa das Uniões Brasileiras da I.A.S.D.

Namoro/Noivado de Adventista com não-adventista: Não dar Cargo da igreja. Se for oficial da igreja, depor do cargo. Objetiva-se suspender toda a sua participação pública nas programações da igreja e o conseqüente exercício de uma influencia imprópria sobre os demais membros.

Conclusão:
Há muito mais material, tanto na Bíblia quanto nos escritos do Espírito de Profecia a esse respeito. Todo ele desaconselhando clara e veementemente esse tipo de relacionamento. A pesar do tema do jugo desigual também ter relação com outras diferenças radicais como origem cultural, condição economico-social, nível cultural, etc., percebe-se claramente que a grande maioria das aplicações que são feitas nos escritos do Espírito de Profecia das passagens bíblicas sobre o tema, refere-se ao contexto da diferença de crença e prática religiosa. Esse é o grande fator de divergência, de desigualdade, de incompatibilidade no relacionamento pessoal ao nível de namoro e do casamento.
O conselho é claro, e está claro qual é o dever do cristão cuja maior preocupação é fazer a vontade de Deus e estar em comunhão com a Sua igreja.
Caso o crente negligencie sua parte, a igreja deve manter-se firme ao lado da verdade das normas cristãs e da unidade da Igreja Mundial, isso sem deixar de demonstrar o devido apreço pelas pessoas envolvidas.




Pr. Edinaldo Juarez/maio/1999